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Programa do PT manipula dados ao criticar FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
Roupa suja lavada, discurso de
unidade e números comparativos. Esses foram os principais temas do programa partidário de
TV petista que foi ao ar ontem.
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva foi protagonista nos 20 minutos da produção, que custou,
segundo o partido, R$ 150 mil.
Seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, foi o antagonista.
Com isso, o partido de Lula deu
mais um passo na estratégia que
deve ser levada à disputa eleitoral
de 2006: confrontar adversários
mostrando diferenças -quando
o assunto é o modo de governar- e semelhanças -quando o
assunto é denúncia de ilegalidade.
Ao mostrar números no programa, os petistas recorreram a
conveniências nas comparações.
Ao falar sobre crescimento econômico, por exemplo, foi comparada a média alcançada pelo governo tucano (2,2% em oito anos)
com o melhor ano do governo Lula até agora (5%, no ano passado).
Já ao contrapor índices de inflação, o programa utilizou o número de 2002, último ano do governo
FHC, e o índice do ano passado,
com Lula: 12% contra 7,5%.
Primeiro desde o início da crise
política, o programa não foi assinado, como de costume, pelo publicitário Duda Mendonça, que
teve relações rompidas com o PT
após revelar ter recebido dinheiro
do esquema de Marcos Valério.
A produção contou com depoimentos de pessoas beneficiadas
por programas sociais do governo, com pronunciamentos de dirigentes e até com uma cena inusitada: uma mulher lavando uma
camiseta branca, torcendo-a e estendendo-a no varal. No centro
da camiseta, uma estrela do PT.
"Não somos heróis, muito menos bandidos", disse o presidente
do partido, deputado Ricardo
Berzoini (SP), em sua fala. "Membros do nosso partido cometeram
erros, mas já pedimos desculpas",
afirmou Tarso Genro, ex-presidente da legenda, para quem a
população não pode "se iludir"
com aqueles que atacam o PT.
Assim como já havia feito em
resoluções internas, Tarso bateu
nos tucanos recorrendo a expressões como "privatizações selvagens" e "quebra da economia".
Segundo Tarso, a oposição
"aposta no quanto pior melhor"
-tal fase era usada por tucanos
para atacar petistas quando estes
estavam na oposição.
"Cometemos erros, mas também muitos acertos", repetiu o líder da bancada petista na Câmara, Henrique Fontana (RS).
Além de comparações entre os
governos Lula e FHC, o programa
trouxe uma série de depoimentos
de militantes respondendo à pergunta: "Por que PT?".
Reação
Os tucanos ficaram irritados
com os 20 minutos. Disseram que
o PT quer desviar o foco das acusações e camuflar a crise política.
"Foi um programa de baixíssima qualidade de texto, produção
e criatividade. Os argumentos são
péssimos. O PT poderia ter usado
o programa para pedir desculpa à
nação. Cadê o Lula? Cadê o José
Dirceu?", argüiu o secretário-geral do PSDB, Bismarck Maia (CE).
O senador Álvaro Dias (PR),
membro da CPI dos Correios,
afirmou que o programa foi "pautado por um discurso antigo".
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