São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula critica passado, Alckmin ataca presente e ambos escondem futuro

Mesmo sabatinados por 12 eleitores, candidatos mantêm silêncio sobre agenda do próximo governo

Petista exagera ainda mais nível de investimentos em saneamento; tucano chega a citar peso de impostos no custo final de uma bicicleta


GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Luiz Inácio Lula da Silva ataca o passado. Geraldo Alckmin ataca o presente. Ambos não querem saber de falar do futuro, mesmo questionados diretamente por eleitores sobre 12 temas diferentes.
No quarto e último debate do segundo turno, a adoção de um novo formato de perguntas e comentários não foi suficiente para tirar o petista e o tucano do silêncio que mantêm sobre a agenda para o próximo governo, que, desde o início da campanha, segue escondida sobre obviedades e o já folclórico fast food de estatísticas.
"Vou trabalhar para valer", repetia o candidato tucano, que desta vez foi capaz de citar até a carga tributária embutida em uma bicicleta -48%, se é que algum ciclista versado em tributação vai ter a preocupação de checar.
Lula ensaiou um figurino mais autocrítico em sua primeira intervenção, quando reconheceu a má qualidade da educação no país. Mas, após estourar o tempo de 40 segundos para a pergunta e ser novamente criticado por Alckmin, voltou à costumeira combinação de ataques ao "descaso no passado" com "nunca ninguém fez tanto neste país".

Generalidades
Respostas diretas para as perguntas diretas feitas pelos eleitores, nenhuma, ao menos até o final do segundo bloco. As poucas propostas apresentadas foram ou herméticas ou genéricas demais.
"Um zoneamento ecológico-econômico", defendeu Alckmin sobre os problemas ambientais e a preservação da Amazônia. "Vamos chamar os trabalhadores para discutir", afirmou Lula sobre o déficit da Previdência Social.
Para a educação, ambos não foram capazes de propor nada além do Fundeb, o fundo destinado a elevar recursos para o ensino básico, a ser criado por um projeto de lei que há quase dois anos se arrasta no Congresso Nacional.
O déficit previdenciário, problema mais grave das contas públicas, será resolvido por um crescimento econômico vigoroso que os dois rivais garantem ser capazes de produzir nos próximos quatro anos. Alckmin, apesar de crítico dos aumentos da carga tributária, acrescenta que pretende elevar a arrecadação do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Lula, que no primeiro debate alegava ter investido R$ 10 bilhões em saneamento, dado já desmentido pela Folha, ontem elevou a cifra para R$ 12,9 bilhões. Foi a maior novidade da noite.


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