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ELEIÇÕES 2006 / OPERAÇÃO VAMPIRO
Justiça acolhe denúncia contra Humberto Costa
Delúbio também é denunciado por envolvimento em fraude na compra de medicamento
Os acusados ainda não foram notificados. Em outras ocasiões, negaram envolvimento com o esquema na Saúde
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal acolheu
anteontem denúncia na qual o
ex-ministro Humberto Costa, o
ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares e outras 11 pessoas são
acusadas de envolvimento no
esquema de fraudes para a
compra de medicamentos no
Ministério da Saúde. O esquema foi descoberto na Operação
Vampiro, da Polícia Federal.
Costa é acusado de formação
de quadrilha e corrupção passiva. Delúbio responderá por formação de quadrilha, corrupção
ativa, fraude a licitações e lavagem de dinheiro. Além dos dois,
também serão réus no processo
o empresário Frederico Coelho
Neto e o médico Platão Fischer-Pühler, que era diretor de
Projetos Estratégicos do ministério até 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Agora, com o acolhimento da
denúncia, os réus ainda terão
prazos para defesa e as audiências serão marcadas. Não há
prazo para o julgamento.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os lobistas são acusados de corromper servidores do Ministério da
Saúde visando obter vantagens
em licitações de compra de hemoderivados (medicamentos
derivados do sangue e destinados a hemofílicos).
Após obter informações sobre os processos de compra, as
empresas combinavam preços,
apresentavam pequenas diferenças e dividiam os lotes de
medicamentos nas concorrências feitas pelo governo.
O esquema teria começado
em 1998 -primeiro mandato
de FHC (1995-2002)- e continuado até, pelo menos, o início
de 2004, quando a PF desencadeou a Operação Vampiro. À
época, foram presos servidores
da pasta, lobistas e empresários. As escutas telefônicas para
investigar o caso tiveram início
no ano anterior à operação.
Com base nessas gravações e
nos depoimentos colhidos pela
PF, o Ministério Público aponta que o ex-ministro teria conhecimento do esquema de
fraude e daria respaldo a servidores acusados. Entre eles estaria Luiz Cláudio Gomes da
Silva, então coordenador de
Recursos Logísticos da pasta.
Os novos acusados foram incluídos no caso somente após a
PF ter encaminhado os indiciamentos ao Ministério Público.
Outro lado
Os acusados ainda não foram
notificados pela Justiça. Em
outras ocasiões, negaram envolvimento com o esquema.
A advogada de Costa, Marília
Fragoso, disse que esperava o
acolhimento da denúncia e reafirmou que seu cliente é "inocente". O advogado Celso Vilardi, que representa Delúbio Soares em outro processo no Supremo Tribunal Federal, informou que não recebeu cópia da
denúncia. A Folha não conseguiu localizar os outros citados.
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