São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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CRIME ORGANIZADO
Deputado cassado estava internado após suposta tentativa de suicídio
PF prende Gerardo em Brasília

da Sucursal de Brasília


A Polícia Federal prendeu ontem o deputado estadual cassado José Gerardo de Abreu (expulso do PPB-MA), acusado pela CPI do Narcotráfico de comandar o crime organizado no Maranhão. A voz de prisão foi dada, por volta das 16h30, no Hospital Brasília, no Lago Sul, onde José Gerardo havia sido internado na última sexta-feira.
O médico particular Heverton de Campos Menezes, acionado pelo advogado de Gerardo, afirmou que o ex-deputado tentou suicídio, tomando comprimidos.
O hospital não confirmou se houve superdosagem de remédios e informou que abrirá sindicância para esclarecer por que ele foi internado na UTI -o caso não exigiria terapia intensiva.
O deputado cassado estava foragido desde que teve o mandato cassado pela Assembléia Legislativa do Maranhão por causa das acusações feitas pela CPI e era procurado pela Polícia Federal.
O vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª região, em Brasília, Tourinho Neto, negou liminar que impediria a prisão de José Gerardo e, com isso, autorizou a sua transferência do Hospital Brasília para a Superintendência da Polícia Federal.
José Gerardo também havia requerido, em habeas corpus, que não fosse removido para o Maranhão, sob argumento de que temia ser morto. O juiz condicionou o atendimento desse pedido à avaliação da equipe médica do hospital sobre o risco de vida.
O advogado de José Gerardo, Pedro Calmon, disse que ele cumprirá a decisão. Antes do despacho do juiz, às 17h30, a PF já havia dado voz de prisão a José Gerardo. O delegado Rodney Miranda, membro do Núcleo de Combate à Impunidade do governo federal, disse que a intenção da PF é transferi-lo para o Maranhão.
Menezes e a equipe médica do Hospital Brasília faziam durante a noite de ontem a avaliação do estado clínico de José Gerardo para decidir sobre a alta hospitalar.

Tratamento
O médico Menezes disse que foi chamado por um dos advogados de José Gerardo, Pedro Calmon, às 17h30 de anteontem. A tentativa de suicídio teria ocorrido por volta das 15h de sexta-feira.
O médico trabalha em uma clínica chamada SOS Check-Up International e não pertence ao quadro do Hospital Brasília.
Segundo Menezes, na madrugada de ontem, José Gerardo estava em coma e corria risco de vida porque havia tomado 30 comprimidos de Lexotan, totalizando 180 miligramas, além de outros três medicamentos, sendo um outro tranquilizante e dois usados contra hipertensão.
Menezes disse que fez uma lavagem estomacal, no local onde José Gerardo estava escondido, que não foi revelado -o ex-deputado estaria em Brasília desde o dia 5.
Ele disse que José Gerardo estava inconsciente quando o internou. A versão que circulava entre funcionários do hospital, no entanto, era que o paciente teria chegado consciente e que Menezes teria forçado sua sedação.
Calmon, que responsabilizou a CPI por um suposto quadro depressivo do paciente, negou-se a dizer onde ele estava antes.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), membro da CPI, afirmou que iria propor que uma junta médica examinasse o ex-deputado. (DENISE MADUEÑO, SILVANA DE FREITAS e ALEX RIBEIRO)

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