São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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Suspeito atuaria com 51 prefeituras

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha

Em Minas Gerais, uma única pessoa -o comerciante Jansen Siman, 32- seria o responsável pelo fornecimento de notas fiscais frias a 51 prefeituras.
Siman foi encontrado pela reportagem da Agência Folha em uma locadora de vídeos, em Governador Valadares (345 km de Belo Horizonte), da qual é proprietário, e recusou-se a falar sobre as acusações.
Ele está sendo procurado pela Justiça e pela Polícia Civil para prestar novos depoimentos, mas nenhuma das duas instituições, mesmo em Governador Valadares, sabia dizer onde o comerciante vive atualmente.
Uma semana depois de encontrá-lo, a Agência Folha voltou a ligar para a videolocadora -uma mensagem eletrônica informou que o telefone estava temporariamente desligado.
A Procuradoria Geral da Justiça de Minas Gerais investiga a denúncia de que, por meio de quatro empresas (Jansen Comercial Ltda., Educadora Comercial Ltda., Educativa Comercial Ltda. e M.W. Distribuidora e Comércio Ltda.), o comerciante teria "calçado" notas fiscais de material escolar para uso de prefeitos.
As empresas existiam legalmente, mas estavam no nome de oito "laranjas": Amir Pinheiro da Silva, Paulo César da Silva, William Machado, Adailton Nascimento, Moacir de Araújo, Divino Tavares, Francisco Fernandes e Geraldo Rodrigues de Almeida. Nenhum deles foi encontrado. Há inquéritos abertos desde 95, mas nenhum foi concluído e ninguém foi punido.
"O processo é muito lento, porque envolve prefeitos, que têm privilégios jurídicos que atrasam o andamento das investigações", disse o promotor José Mauro Pereira Lima, que investiga o desvio de recursos em São Francisco do Glória (330 km de Belo Horizonte).
O advogado de Siman, Nilson Dunga de Oliveira, afirmou que seu cliente não era dono de empresas. Ele seria apenas o representante comercial. "Além disso, nada foi concluído até o momento", disse o advogado
Siman chegou a ser preso, em 98, em Virginópolis (300 km de Belo Horizonte), mas ficou na cadeia por apenas um dia.
"Assim que ele foi trazido de Governador Valadares, começaram telefonemas de advogados, deputados, familiares, e, milagrosamente, em 24 horas, ele conseguiu uma audiência com o juiz", diz Lima.


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