São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Ação de Protógenes estava próxima do partidarismo, afirma diretor da PF

Delegado se diz surpreso com declaração e nega ligação com partido político

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, afirmou ontem que o desligamento do delegado Protógenes Queiroz da Diretoria de Inteligência do órgão, onde estava lotado desde 2003, foi motivado pela "quebra de confiança" entre ele e o responsável pela área, Daniel Lorenz, um dos seis diretores da instituição.
O chefe da PF também insinuou que as relações político-partidárias de Protógenes, iniciadas após o afastamento dele da Operação Satiagraha, comprometem sua atuação na diretoria. "A área de inteligência é muito sensível para quem está com uma atuação ostensiva e já próxima da questão partidária", afirmou Corrêa.
Protógenes, por sua vez, disse que considera uma "surpresa" que "combater a corrupção" signifique uma ação partidária.
"Por combater a corrupção, por não querer atrocidades contra a sociedade, contra o meu país, isso pode ser classificado como cunho ideológico-partidário? Isso para mim é uma surpresa", disse em Fortaleza, onde proferiu uma palestra em um evento do Ministério Público Estadual.
"A população brasileira está indignada com o que está acontecendo. Então, a indignação do povo brasileiro é filiação partidária?", questionou. Ele negou que seja candidato a cargos públicos e disse que quer apenas atuar na função à qual a direção da PF o designar.

Afastamento
Ao voltar à PF, na última segunda, quatro meses depois de deixar o comando da investigação que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, Protógenes foi desligado do setor, por onde passam as operações mais importantes do órgão. Ele ainda está sem área definida.
Corrêa admitiu a "quebra de confiança" de Protógenes, que se indispôs com a cúpula da PF, que, por sua vez, o acusa de omitir informações e realizar uma investigação "cheia de irregularidades e completamente fora de padrão".
O delegado não fará mais investigações criminais na PF, apurou a Folha. Ele deve ser deslocado para uma função administrativa. Além da "quebra de confiança", Protógenes é acusado de "personalizar" a Satiagraha. Pesa ainda contra o policial a participação em eventos políticos, como os promovidos pelo PSOL - ele participou de atos durante a campanha eleitoral, o que o impede, segundo diretores da PF, de tocar casos sobre corrupção. Protógenes negou uma aproximação especial com o PSOL.
Por causa de sua atuação nas eleições, a Folha apurou que um novo processo disciplinar foi aberto contra Protógenes na Corregedoria da PF, que também apura o vazamento de dados da Satiagraha à mídia.
Para a diretoria da PF, só licenciado um policial poderia se engajar em campanhas. "A regra [da PF] é a imparcialidade e apartidarismo", disse Corrêa.


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