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Ação de Protógenes estava próxima do partidarismo, afirma diretor da PF
Delegado se diz surpreso com declaração e nega ligação com partido político
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa,
afirmou ontem que o desligamento do delegado Protógenes
Queiroz da Diretoria de Inteligência do órgão, onde estava lotado desde 2003, foi motivado
pela "quebra de confiança" entre ele e o responsável pela
área, Daniel Lorenz, um dos
seis diretores da instituição.
O chefe da PF também insinuou que as relações político-partidárias de Protógenes, iniciadas após o afastamento dele
da Operação Satiagraha, comprometem sua atuação na diretoria. "A área de inteligência é
muito sensível para quem está
com uma atuação ostensiva e já
próxima da questão partidária", afirmou Corrêa.
Protógenes, por sua vez, disse que considera uma "surpresa" que "combater a corrupção"
signifique uma ação partidária.
"Por combater a corrupção,
por não querer atrocidades
contra a sociedade, contra o
meu país, isso pode ser classificado como cunho ideológico-partidário? Isso para mim é
uma surpresa", disse em Fortaleza, onde proferiu uma palestra em um evento do Ministério Público Estadual.
"A população brasileira está
indignada com o que está acontecendo. Então, a indignação
do povo brasileiro é filiação
partidária?", questionou. Ele
negou que seja candidato a cargos públicos e disse que quer
apenas atuar na função à qual a
direção da PF o designar.
Afastamento
Ao voltar à PF, na última segunda, quatro meses depois de
deixar o comando da investigação que prendeu o banqueiro
Daniel Dantas, Protógenes foi
desligado do setor, por onde
passam as operações mais importantes do órgão. Ele ainda
está sem área definida.
Corrêa admitiu a "quebra de
confiança" de Protógenes, que
se indispôs com a cúpula da PF,
que, por sua vez, o acusa de
omitir informações e realizar
uma investigação "cheia de irregularidades e completamente fora de padrão".
O delegado não fará mais investigações criminais na PF,
apurou a Folha. Ele deve ser
deslocado para uma função administrativa. Além da "quebra
de confiança", Protógenes é
acusado de "personalizar" a Satiagraha. Pesa ainda contra o
policial a participação em
eventos políticos, como os promovidos pelo PSOL - ele participou de atos durante a campanha eleitoral, o que o impede, segundo diretores da PF, de
tocar casos sobre corrupção.
Protógenes negou uma aproximação especial com o PSOL.
Por causa de sua atuação nas
eleições, a Folha apurou que
um novo processo disciplinar
foi aberto contra Protógenes
na Corregedoria da PF, que
também apura o vazamento de
dados da Satiagraha à mídia.
Para a diretoria da PF, só licenciado um policial poderia se
engajar em campanhas. "A regra [da PF] é a imparcialidade e
apartidarismo", disse Corrêa.
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