São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

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Justiça aceita nova denúncia contra Valério por corrupção

Publicitário é acusado de encomendar inquérito para prejudicar fiscais da Fazenda

Walter Faria, da Cervejaria Petrópolis, que, segundo a PF, teria contratado Valério, também é réu no processo; eles negam as acusações

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Federal de Santos (SP) aceitou a acusação formal do Ministério Público Federal contra o publicitário Marcos Valério de Souza, que agora passa a ser réu em um processo em que é acusado de ter "encomendado" um inquérito policial falso para prejudicar dois fiscais da Fazenda paulista.
O publicitário irá responder pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa (duas vezes) e denunciação caluniosa (três vezes). A pena pode chegar a 51 anos de prisão.
Além de Marcos Valério, a Justiça aceitou também a denúncia (acusação formal) contra Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis, que teria oferecido, segundo a Polícia Federal, R$ 3 milhões para que o publicitário conseguisse afastar os fiscais do cargo -Faria responderá pelos mesmos crimes atribuídos ao publicitário.
Outras nove pessoas, entre advogados e policiais, também foram denunciadas.
Todos negam qualquer participação no esquema ilegal. Ontem, os respectivos advogados disseram que ainda não tinham tido acesso à denúncia.
O publicitário ficou conhecido em 2005 com o escândalo do mensalão, quando foi apontado como o operador do esquema de pagamento a parlamentes da base do governo federal. Ele é réu neste processo também.
Marcos Valério, o sócio dele, Rogério Tolentino, os advogados e os policiais foram presos pela PF na Operação Avalanche, em 10 de outubro.

Histórico
Para a Procuradoria, Marcos Valério "encomendou" um inquérito para intimidar dois fiscais da Fazenda que haviam multado uma empresa ligada à Cervejaria Petrópolis, a Praiamar, em R$ 104 milhões.
Os alvos eram o diretor-adjunto da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda paulista Antonio Carlos Campos e o fiscal Eduardo Friedman, que investigavam um megaesquema de sonegação fiscal.
Escutas telefônicas revelam, segundo a PF, a participação dos réus numa intensa negociação que tinha como objetivo a abertura do inquérito falso.
Para a Procuradoria, Marcos Valério contatou dois advogados, Eloá Velloso e Ildeu Sobrinho, que, com a ajuda de três policiais, levantaram dados pessoais dos fiscais. Essas informações foram repassadas a dois policiais federais aposentados, Paulo Endo e Daniel Balde. Eles contataram dois delegados da PF de Santos, Silvio Salazar e Antonio Hadano -responsáveis pelo inquérito.
Ontem, o Superior Tribunal de Justiça negou o pedido de habeas corpus de Marcos Valério, que segue preso.


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