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Justiça aceita nova denúncia contra Valério por corrupção
Publicitário é acusado de encomendar inquérito para prejudicar fiscais da Fazenda
Walter Faria, da Cervejaria Petrópolis, que, segundo a PF, teria contratado Valério, também é réu no processo; eles negam as acusações
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal de Santos
(SP) aceitou a acusação formal
do Ministério Público Federal
contra o publicitário Marcos
Valério de Souza, que agora
passa a ser réu em um processo
em que é acusado de ter "encomendado" um inquérito policial falso para prejudicar dois
fiscais da Fazenda paulista.
O publicitário irá responder
pelos crimes de formação de
quadrilha, corrupção ativa
(duas vezes) e denunciação caluniosa (três vezes). A pena pode chegar a 51 anos de prisão.
Além de Marcos Valério, a
Justiça aceitou também a denúncia (acusação formal) contra Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis, que teria
oferecido, segundo a Polícia
Federal, R$ 3 milhões para que
o publicitário conseguisse afastar os fiscais do cargo -Faria
responderá pelos mesmos crimes atribuídos ao publicitário.
Outras nove pessoas, entre
advogados e policiais, também
foram denunciadas.
Todos negam qualquer participação no esquema ilegal. Ontem, os respectivos advogados
disseram que ainda não tinham
tido acesso à denúncia.
O publicitário ficou conhecido em 2005 com o escândalo do
mensalão, quando foi apontado
como o operador do esquema
de pagamento a parlamentes
da base do governo federal. Ele
é réu neste processo também.
Marcos Valério, o sócio dele,
Rogério Tolentino, os advogados e os policiais foram presos
pela PF na Operação Avalanche, em 10 de outubro.
Histórico
Para a Procuradoria, Marcos
Valério "encomendou" um inquérito para intimidar dois fiscais da Fazenda que haviam
multado uma empresa ligada à
Cervejaria Petrópolis, a Praiamar, em R$ 104 milhões.
Os alvos eram o diretor-adjunto da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda
paulista Antonio Carlos Campos e o fiscal Eduardo Friedman, que investigavam um megaesquema de sonegação fiscal.
Escutas telefônicas revelam,
segundo a PF, a participação
dos réus numa intensa negociação que tinha como objetivo a
abertura do inquérito falso.
Para a Procuradoria, Marcos
Valério contatou dois advogados, Eloá Velloso e Ildeu Sobrinho, que, com a ajuda de três
policiais, levantaram dados
pessoais dos fiscais. Essas informações foram repassadas a
dois policiais federais aposentados, Paulo Endo e Daniel Balde. Eles contataram dois delegados da PF de Santos, Silvio
Salazar e Antonio Hadano
-responsáveis pelo inquérito.
Ontem, o Superior Tribunal
de Justiça negou o pedido de
habeas corpus de Marcos Valério, que segue preso.
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