São Paulo, sábado, 28 de novembro de 1998

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ESCUTA TELEFÔNICA
Órgão diz que o conteúdo é "irrelevante" porque foi obtido de forma ilegal e que buscará só o autor do grampo
PF se nega a investigar conteúdo das fitas

da Sucursal de Brasília


A assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que o órgão não vai investigar nenhum assunto relacionado ao conteúdo das fitas do caso do grampo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para a Polícia Federal, "o conteúdo das fitas é irrelevante" porque foi obtido de forma ilegal e não tem valor jurídico.
De acordo com a assessoria, a investigação em curso tentará apenas determinar o autor dos grampos. Para a PF, a investigação sobre o conteúdo das gravações seria de responsabilidade do Ministério Público.
˛
CPI
Os grampos foram feitos nos telefones utilizados por Luiz Carlos Mendonça de Barros quando ele ocupava a presidência do BNDES e por seu sucessor, André Lara Resende.
Nas conversas gravadas ilegalmente e vazadas para a imprensa, Mendonça de Barros e Lara Resende articulam apoio para o consórcio Opportunity participar do leilão da Telebrás. As fitas registraram a preferência dos dois pelo consórcio.
Para os partidos de oposição, as conversas gravadas ilegalmente revelam que o governo manipulou o leilão da Telebrás.
Com base nisso, parlamentares da oposição tentam há duas semanas reunir assinaturas suficientes no Congresso para iniciar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o processo de privatizações no governo de Fernando Henrique Cardoso.
˛ Contraste
A linha de investigação do caso do grampo no BNDES contrasta com a apuração do dossiê sobre a suposta conta bancária em paraíso fiscal do Caribe que teria como beneficiários o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e o ministro Sérgio Motta (Comunicações), morto em abril último.
Quando, no início deste mês, anunciou a abertura do inquérito do chamado "dossiê Cayman", o diretor da PF, Vicente Chelotti, afirmou que não importava se os papéis que citavam a suposta conta eram autênticos ou simples montagens, mas sim se a conta realmente existia.
Chegou a dizer que seriam convidados a depor todos os citados nos papéis ou que participaram das tentativas de torná-los públicos, entre eles, FHC, Serra, Covas, o ex-presidente Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato derrotado à Presidência da República.



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