São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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PT critica conclusão da polícia sobre o caso dossiê

Em nota, partido diz que relatório final da PF é "inconsistente e especulativo"

Mercadante e Baccarin, tesoureiro da campanha em São Paulo, foram indiciados; petistas, que elogiavam a PF, agora a questionam

Alan Marques/Folha Imagem
Funcionários lavam a rampa do Palácio do Planalto, como parte dos preparativos para a festa da posse de Lula


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cinco dias depois de a Polícia Federal indiciar o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) por crime eleitoral no caso do dossiê, o PT divulgou nota ontem criticando a conclusão das investigações. O partido classificou o relatório policial de "inconsistente e especulativo" e sinalizou ter segurança de que "será derrubado na Justiça".
Na saída de um encontro ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, presidente interino do PT, disse que o partido manifesta "incondicional apoio a Mercadante" e que o presidente Lula concordou com as críticas feitas pelo partido ao relatório da Polícia Federal.
A posição do PT em relação ao trabalho da PF difere de comentários e avaliações anteriores ao dossiegate. Em várias ocasiões, Lula, Mercadante e integrantes do partido elogiaram a atuação, segundo eles, "republicana" da instituição.
Responsável pelo relatório do caso, o delegado Diógenes Curado afirmou que não comentará as críticas.
A PF investigou o envolvimento de petistas -que atuaram nas campanhas eleitorais de Mercadante, em São Paulo, e do presidente Lula- na compra de supostos documentos contra políticos do PSDB em relação à compra de ambulâncias superfaturadas (máfia dos sanguessugas). O inquérito foi concluído no dia 22.
O protesto petista, assinado por Garcia, afirma que Mercadante e seu tesoureiro na campanha ao governo de São Paulo, José Giácomo Baccarin, que também foi indiciado, "têm toda a solidariedade do partido".
"Esse indiciamento será derrubado na Justiça e os dois companheiros, de conduta política exemplar e injustamente acusados, têm toda a solidariedade do PT", diz o texto. A nota reclama ainda que o relatório transfere aos acusados o ônus de provar a sua inocência.
"O relatório policial é inconsistente e especulativo e tenta atribuir ao senador Mercadante e ao companheiro Baccarin o ônus de provar suas inocências, sem acusações consistentes."
Depois de 96 dias de investigação, a PF concluiu que o dinheiro para a compra de um dossiê contra tucanos surgiu de caixa dois da campanha de Mercadante ao governo de São Paulo, o que o senador nega.

Crime eleitoral
A PF indiciou Baccarin, tesoureiro de campanha de Mercadante, com base no artigo 350 do Código Eleitoral: "Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais".
Para Mercadante, foi utilizada a lei 11.300, de maio deste ano, que determina que o candidato "é solidariamente responsável (...) pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha".
Lula já se manifestou sobre o episódio no sábado. Afirmou ter "absoluta confiança" no senador e acreditar "piamente" em sua inocência.


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