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Mais quatro anos; socorro
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
QUANDO FOI eleito pela
primeira vez, Lula encheu de esperanças os
00°0000corações da maioria
dos brasileiros (os mais ingênuos). Foi bonito um torneiro
mecânico chegar à Presidência
pelo voto direto. Lula tem grande facilidade para discursar de
improviso e diante de uma fábrica poucos falam melhor do
que ele. Mas para ser presidente o buraco é mais embaixo, e
com a mesma facilidade Lula é
capaz de dizer grandes besteiras, como aliás tem dito.
Não dá para compreender
como um presidente, após tantos escândalos surgidos dentro
do próprio Palácio do Planalto,
consegue ter a aprovação popular que tem Lula. Mas é elementar: quem recebe R$ 50 por
mês do Bolsa Família deve se
achar abençoado por Deus, e no
interior do Nordeste, onde não
há trabalho mesmo, R$ 50 dá
para comprar um saquinho de
farinha e um pedacinho de carne-de-sol para botar no feijão
-melhor do que nada. E dá-lhe
Lula mais quatro anos.
Mas o mal que ele está causando ao país é tão grande que
ainda nem dá para avaliar. Todos os seus auxiliares e amigos
mais próximos foram indo embora -por vontade própria ou
por terem se metido em algum
escândalo, mas ele nunca soube
de nada. E o PT ficou tão só que
seu maior aliado é o PMDB.
Lembra o dia da posse, quando milhares de pessoas se emocionaram com a chegada de Lula à Presidência? Era um novo
tempo, um tempo de fraternidade, em que o Brasil iria, enfim se transformar num país
justo. Deu no que deu, logo com
o partido que era o proprietário
único da ética e da verdade.
Lula é, quem diria, muito vaidoso e gostaria de se tornar um
líder mundial. Mas é também
-quem diria, de novo- indeciso, covarde, enfrenta mal os
fracassos e tem uma tendência
autoritária. Vide o caso do correspondente americano Larry
Rohter, que, por ter escrito o
que todo mundo estava cansado de saber -que Lula exagera
na bebida-, quase foi expulso
do país, e da tentativa de criar
um conselho para "disciplinar"
os jornalistas. Fala sério.
No início do governo, o casal
queria passar a impressão de
que não haveria gastança. Nos
jantares que ofereciam, os homens chegavam com uma garrafa de bebida, e as mulheres,
com um pratinho de alguma
coisa. Durou pouco, e logo liberou geral. Começaram as farras
no Alvorada, com amigos dos filhos sendo levados pela FAB
para o fim de semana, e chegou
à compra do avião. Nem o presidente Chirac nem o papa têm
um. Quando têm uma viagem
oficial, alugam. Mas Lula precisava, até porque viajar é a coisa
de que ele mais gosta, e quem
nunca comeu melado quando
come se lambuza.
Agora, reeleito, ele não tem
quem o aconselhe; pede para
Gil ficar, consegue que o ministro da Justiça fique mais um
mês, mas decidir, mesmo, não
decide nada. E ainda tem d. Marisa, que não larga do pé. Pinta
os cabelos cor de mel, bota uma
estrela vermelha nos jardins do
Alvorada, e ainda inventa aquele ridículo maiô branco com
uma estrela vermelha na barriga. Ao menos já se sabe sua função no governo: controlar
quanto ele pode beber.
Estamos mal, mas não vamos
perder a esperança: as coisas
podem piorar. Já pensou se ele
inventa uma lei, imitando o
Chávez, pela qual ele possa ser
reeleito indefinidamente?
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