São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mais quatro anos; socorro

DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA

QUANDO FOI eleito pela primeira vez, Lula encheu de esperanças os 00°0000corações da maioria dos brasileiros (os mais ingênuos). Foi bonito um torneiro mecânico chegar à Presidência pelo voto direto. Lula tem grande facilidade para discursar de improviso e diante de uma fábrica poucos falam melhor do que ele. Mas para ser presidente o buraco é mais embaixo, e com a mesma facilidade Lula é capaz de dizer grandes besteiras, como aliás tem dito.
Não dá para compreender como um presidente, após tantos escândalos surgidos dentro do próprio Palácio do Planalto, consegue ter a aprovação popular que tem Lula. Mas é elementar: quem recebe R$ 50 por mês do Bolsa Família deve se achar abençoado por Deus, e no interior do Nordeste, onde não há trabalho mesmo, R$ 50 dá para comprar um saquinho de farinha e um pedacinho de carne-de-sol para botar no feijão -melhor do que nada. E dá-lhe Lula mais quatro anos.
Mas o mal que ele está causando ao país é tão grande que ainda nem dá para avaliar. Todos os seus auxiliares e amigos mais próximos foram indo embora -por vontade própria ou por terem se metido em algum escândalo, mas ele nunca soube de nada. E o PT ficou tão só que seu maior aliado é o PMDB.
Lembra o dia da posse, quando milhares de pessoas se emocionaram com a chegada de Lula à Presidência? Era um novo tempo, um tempo de fraternidade, em que o Brasil iria, enfim se transformar num país justo. Deu no que deu, logo com o partido que era o proprietário único da ética e da verdade.
Lula é, quem diria, muito vaidoso e gostaria de se tornar um líder mundial. Mas é também -quem diria, de novo- indeciso, covarde, enfrenta mal os fracassos e tem uma tendência autoritária. Vide o caso do correspondente americano Larry Rohter, que, por ter escrito o que todo mundo estava cansado de saber -que Lula exagera na bebida-, quase foi expulso do país, e da tentativa de criar um conselho para "disciplinar" os jornalistas. Fala sério.
No início do governo, o casal queria passar a impressão de que não haveria gastança. Nos jantares que ofereciam, os homens chegavam com uma garrafa de bebida, e as mulheres, com um pratinho de alguma coisa. Durou pouco, e logo liberou geral. Começaram as farras no Alvorada, com amigos dos filhos sendo levados pela FAB para o fim de semana, e chegou à compra do avião. Nem o presidente Chirac nem o papa têm um. Quando têm uma viagem oficial, alugam. Mas Lula precisava, até porque viajar é a coisa de que ele mais gosta, e quem nunca comeu melado quando come se lambuza.
Agora, reeleito, ele não tem quem o aconselhe; pede para Gil ficar, consegue que o ministro da Justiça fique mais um mês, mas decidir, mesmo, não decide nada. E ainda tem d. Marisa, que não larga do pé. Pinta os cabelos cor de mel, bota uma estrela vermelha nos jardins do Alvorada, e ainda inventa aquele ridículo maiô branco com uma estrela vermelha na barriga. Ao menos já se sabe sua função no governo: controlar quanto ele pode beber.
Estamos mal, mas não vamos perder a esperança: as coisas podem piorar. Já pensou se ele inventa uma lei, imitando o Chávez, pela qual ele possa ser reeleito indefinidamente?


Texto Anterior: Quatro anos de Lula: A esperança do Fundeb
Próximo Texto: Justiça arquiva ação penal contra Maluf
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.