São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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CPI não ouviu testemunhas importantes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na reta final dos trabalhos, a CPI dos Correios não tomou o depoimento de testemunhas centrais nas investigações do "mensalão". O principal objetivo da comissão é identificar a origem desse dinheiro. Solange Pereira, funcionária do PT, por exemplo, não foi ouvida.
Membros da CPI suspeitam que Solange pagou empréstimo de R$ 29,4 mil concedido pelo PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em março de 2005, ela sacou R$ 100 mil de uma conta de Marcos Valério de Souza. No dia seguinte foi quitada a última parcela da dívida (R$ 5,4 mil).
A comissão investiga se o empréstimo foi quitado com dinheiro do caixa dois do PT, operado pelo então tesoureiro Delúbio Soares e por Valério. Em versão contestada por membros da CPI, Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, disse ter pagado a dívida. Para isso, teria feito saques em suas contas bancárias em datas e valores não coincidentes com o pagamento das parcelas.
O depoimento de Solange chegou a ser marcado em novembro, mas a funcionária do PT não compareceu. Ela não foi convocada novamente.
O sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse que Solange ainda será ouvida. A CPI funciona até abril.
Outra que também não prestou depoimento foi Soraya Garcia, ex-assessora financeira da campanha do PT de Londrina em 2004. Em entrevista à Folha, ela acusou o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) de levar R$ 300 mil em espécie para a campanha de Nedson Micheleti, prefeito reeleito pelo PT.
O depoimento de Garcia não aconteceu devido a um acordo entre petistas e tucanos, que não queriam a convocação de um lobista ligado à campanha do PSDB em 1998.
O próprio José Dirceu, que teve a cassação pedida pela CPI por ser supostamente o mentor do "mensalão" nunca foi ouvido, assim como o ex-presidente do PT José Genoino.
(FERNANDA KRAKOVICS)


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