São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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Antes de crise, Lula reclamou de dor de garganta e mal-estar

Em hospital de Recife, presidente foi medicado para normalizar a pressão arterial e passou por exames que não acusaram problema

De acordo com o chefe da equipe médica, Lula, que teve de cancelar viagem a Davos, pela manhã estava "bem disposto e alegre"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos médicos que o socorreram na madrugada de ontem, em Recife, que estava com "moleza no corpo" e sentia um mal-estar geral.
Com uma crise hipertensiva, Lula apresentava resquícios de uma gripe, mas não tinha febre. Um "aperto no peito", dor de garganta e vias respiratórias obstruídas constituíram o quadro que precedeu a crise.
Dois dias antes, Lula começou a ter sintomas de gripe. No lançamento de um programa no Ministério da Justiça, terça-feira ao meio-dia, o presidente, já abatido e impaciente, desistiu de fazer discurso.
No mesmo dia, durante voo para Porto Alegre, reclamou de dor de garganta. Quarta-feira, ao seguir de Brasília para Recife, o presidente disse ao seu médico particular, Cleber Ferreira, que o acompanha em todas as viagens, que sentia um "aperto no peito". Ferreira mediu a pressão e os batimentos cardíacos de Lula. Não detectou nada de errado, segundo assessores da Presidência.
Em seguida, o presidente se queixou por estar com as vias respiratórias "congestionadas". O médico detectou sinusite, e Lula seguiu viagem fazendo nebulização. Em público, ele reclamou de dor de garganta logo no primeiro evento de anteontem, a inauguração de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em Paulista, na região metropolitana de Recife.
"Eu vou ser muito breve, porque estou com a garganta não muito boa e não quero ser o primeiro paciente desta UPA", disse, ao iniciar o discurso. "Mas ela está tão bem localizada, tão bem estruturada, que dá até vontade de ficar doente para ser atendido", brincou.
O calor e as mudanças de temperatura por conta do ar condicionado também incomodaram o presidente. Em vários momentos, ele sinalizou desconforto: colocava as mãos na garganta e respirava fundo.
À noite, passou em jantar oferecido pelo governador Eduardo Campos (PSB). Comeu canapés, mas recusou a carne de sol. Disse que estava indisposto e que comeria algo mais leve no avião quando embarcasse para Davos, na Suíça, onde participaria do Fórum Econômico Mundial.
Ao chegar à Base Aérea de Recife, o médico o examinou e diagnosticou o pico de pressão (18 x 12). Lula insistiu em decolar, mas Ferreira recomendou que fosse para o hospital.
O presidente foi então encaminhado para o Real Hospital Português, onde chegou por volta da 1h de Brasília. Foi atendido por uma equipe de seis médicos e três enfermeiros, e, segundo a equipe, medicado com diurético para normalizar a pressão arterial. Foi também submetido a uma bateria de exames radiológicos do tórax e do abdome, além de testes sanguíneos, que nada acusaram.
Lula passou a madrugada na suíte presidencial, um triplex no 13º andar com vista para o mar e cama com instrumentos similares aos de uma UTI. Segundo o chefe da equipe médica que o atendeu, Cláudio Amaro Gomes, Lula foi submetido a nebulizações e, apesar de só cochilar, levantou-se às 6h (de Brasília) "disposto e alegre".
O presidente tomou café com leite e comeu gelatina, torradas e frutas. Antes de deixar o hospital, às 6h50 de Brasília, tirou fotos com a equipe médica.
Segundo o médico, o hospital disponibiliza uma estrutura de atendimento emergencial ao presidente em todas as visitas que faz a Pernambuco. Além da suíte, são reservados para eventualidades um setor na ala de cirurgias complexas e uma UTI móvel.
(FÁBIO GUIBU, MATHEUS MAGENTA E SIMONE IGLESIAS)



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