São Paulo, sexta, 29 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO
Ministro faz encontro esvaziado com pefelistas e almoça com tucanos
Economia suporta dólar só até R$ 1,70, diz Malan


LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília


O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse a parlamentares do PSDB que a economia brasileira suporta cotações do dólar de até R$ 1,70. No encontro, Malan e os tucanos avaliaram que nas próximas semanas haverá uma acomodação do mercado e a cotação do dólar vai se estabilizar.
Pela manhã, o ministro havia se reunido com parlamentares do PFL e, depois, almoçou com a cúpula tucana. Embora os pefelistas costumem dizer que "adotaram" o ministro, o encontro com o partido foi esvaziado.
Dos principais caciques do PFL, somente o líder pefelista na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), esteve no Ministério da Fazenda. Faltaram, por exemplo, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (BA), e o presidente do partido, senador eleito Jorge Bornhausen (SC).
Além de Inocêncio, estiveram na reunião, que durou cerca de 30 minutos, os deputados José Carlos Aleluia (BA), Luiz Carlos Santos (SP), Roberto Fontes (PE), Efraim Morais (PB) e Laura Carneiro (RJ). Eles pediram ao ministro uma reação forte contra os especuladores.
Os pefelistas saíram do ministério às 11h. Pouco depois das 13h começaram a chegar os tucanos, comandados pelo presidente do partido, senador Teotonio Vilela Filho (AL). O ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) também participou do almoço, que durou duas horas.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), disse que o governo espera para as próximas semanas uma reação "mais racional" do mercado. "A oscilação (da cotação do dólar) é irreal, e o ministro concorda com isso", afirmou.
Para Aécio, "qualquer acomodação do dólar abaixo de R$ 1,70 representa uma reação racional do mercado". Segundo ele, Malan concorda com essa avaliação.
Tucanos e pefelistas deixaram o ministério prometendo apoio a medidas que o governo venha a tomar para conter a volta da inflação e para promover o crescimento econômico do país.
"Manifestamos apoio ao ministro e a confiança, mais do que isso, a certeza de que o país vai sair dessa crise e vai voltar a crescer para gerar empregos", disse Inocêncio.
Para Aécio, o apoio não significa um "cheque em branco" ao governo. "Não demos cheque em branco para ninguém. Cheque em branco deu a população ao presidente Fernando Henrique."
Nas duas reuniões, Malan fez uma avaliação otimista do futuro da economia brasileira. Ele disse aos tucanos e aos pefelistas que, superada esta fase, a economia do país voltará a crescer em níveis até superiores aos registrados antes da crise. Os sinais de recuperação, segundo a avaliação do ministro, começarão a ser percebidos em meados deste ano.
Os tucanos criticaram a comunicação do governo. "A nossa preocupação é com a comunicação do governo neste momento de certa perplexidade. O governo precisa ter a participação do cidadão na defesa dos preços", afirmou o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
Segundo ele, Malan pediu que os parlamentares neguem as especulações de que poderá haver tabelamento de preços.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.