São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Lupi tem "o comportamento mais republicano", diz Lula

Na opinião do presidente, acusações de favorecimento ao PDT são "bobagens"

Petista recorre a diferentes tipos de repasses feitos pelo Ministério do Trabalho para dizer que pasta destinou mais dinheiro ao PSDB

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A QUIXADÁ (CE)

Ao sair em defesa do ministro do Trabalho e presidente nacional pedetista, Carlos Lupi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "bobagens" as recentes denúncias de favorecimento do PDT em convênios realizados pela pasta.
Lula foi questionado sobre o caso Lupi ontem, em Quixadá, no interior do Ceará, em entrevista após evento de lançamento do novo programa do governo de combate à pobreza rural.
"[Considero] uma bobagem [essas denúncias]. O ministro Lupi mostrou [dados] pra imprensa ontem [anteontem]. Se você pegar por partido político, você vai perceber que [por meio de recursos do FAT] o PSDB recebeu R$ 102 milhões nos convênios, porque tem São Paulo e Minas Gerais. O PT recebeu acho que R$ 92 milhões [na verdade, R$ 96 milhões], outros partidos receberam R$ 80 milhões", disse.
Existe uma diferença entre convênios que repassam recursos do Ministério do Trabalho para prefeituras e para governos estaduais e aqueles que são feitos diretamente com as entidades privadas. São os convênios diretos com as entidades que têm sido citados pela imprensa como tendo irregularidades e favorecimento ao PDT.
"Ele [Lupi] está mostrando o comportamento mais republicano que um ministro tem mostrado. Você não atende as pessoas, você atende a população. É por isso que nos convênios que ele faz o PSDB aparece como o partido que mais recebeu recursos."
Questionado se houve algum tipo de favorecimento nos convênios assinados pelo ministro, Lula respondeu, antes de encerrar a entrevista: "Não houve favorecimento, senão o PSDB não seria primeiro colocado".
A Folha noticiou que ao menos 12 convênios assinados pelo Ministério do Trabalho autorizaram a destinação de R$ 50 milhões a entidades e pessoas ligadas ao PDT. Outra reportagem da Folha revelou que entidade ligada à Força Sindical (a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) pleiteava convênio na pasta para recolocar mão-de-obra em São Paulo a um custo quase 100% maior do que o gasto pelo governo paulista. Outra reportagem, do jornal "O Globo", colocou como suspeita a validade de convênio de R$ 10,7 milhões entre o Ministério do Trabalho e a DataBrasil.
Em entrevista anteontem, Lupi negou todas as acusações e disse que permanecerá nos comandos da pasta e do PDT e que recorrerá à Justiça nos casos em que sua "honra e dignidade" foram atingidas.
Ontem, indagado sobre o entendimento da Comissão de Ética Pública da Presidência segundo o qual, pelo fato de acumular a presidência do PDT com o cargo de ministro do Trabalho, Lupi está sujeito a conflito de interesse, Lula disse que ainda não tomou uma decisão a respeito: "Ainda não discuti isso. Quando eu discutir vocês vão ficar sabendo".
A Folha apurou que Lupi e Lula conversaram anteontem à noite e o presidente pediu para o ministro deixar a presidência do PDT -a fórmula seria uma licença. A assessoria do ministro nega que eles tenham conversado sobre esse assunto.


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