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Presidente do TCE-SP será investigado por ordem do STJ
Bittencourt evita comentar decisão de ministra, que pede abertura de inquérito na PF
Laurita Vaz decide que é prematuro quebrar sigilo de contas bancárias, mas a ministra quer que polícia aprofunde as investigações
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A ministra Laurita Vaz, do
Superior Tribunal de Justiça
(STJ), determinou à Polícia Federal que investigue eventuais
crimes cometidos pelo presidente e conselheiro vitalício do
Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo (TCE-SP), Eduardo Bittencourt Carvalho.
Anteontem, a ministra comunicou sua decisão ao superintendente da Polícia Federal,
Jaber Makul Hanna Saadi, e ao
procurador-geral de Justiça de
São Paulo, Rodrigo Pinho.
Reportagem da Folha, publicada em janeiro, revelou que
Bittencourt é investigado pelo
Departamento de Justiça dos
Estados Unidos a pedido de autoridades brasileiras, que buscam informações sobre supostas contas ilegais atribuídas a
ele naquele país.
Em depoimento, Ruy Imparato, que trabalhou durante
anos com o conselheiro, afirmou que ele remeteu cerca de
US$ 15 milhões para o Lloyds
TSB Bank de Miami (EUA).
A Polícia Federal irá investigar ainda a sociedade mantida
entre Bittencourt e empresa
"offshore" Justinian Investment Holdings Limited, sediada num paraíso fiscal do Caribe. Os dois foram sócios em
uma fazenda em Corumbá
(MS), avaliada em R$ 1 milhão.
Procurado ontem pela reportagem, o presidente do TCE
não quis comentar a decisão da
ministra. Por meio da assessoria do órgão, informou que falar sobre o caso seria quebrar o
sigilo do processo que move
contra a ex-mulher, a quem
atribuiu todas as acusações.
Sigilo
Na decisão publicada ontem,
a ministra informou que, "tendo em vista a escassez de informações acerca da eventual conduta criminosa", negou o pedido feito pelo Ministério Público do Estado de São Paulo de
quebra de sigilo bancário e fiscal de Eduardo Bittencourt.
Laurita Vaz informou que
prefere agir com precaução e
que, quando receber mais informações, reapreciará o pedido de quebra de sigilo.
Como conselheiro e presidente de um tribunal de contas,
Bittencourt só pode ser investigado criminalmente com autorização do STJ e pela Polícia
Federal. Na esfera cível, o inquérito é de responsabilidade
do procurador-geral de Justiça
do Estado. Se deixar a presidência, o caso vai para um promotor de Justiça.
No inquérito civil em andamento no Ministério Público,
Bittencourt é investigado ainda
por suposta cobrança de propina, nepotismo (nomeou cinco
filhos para o órgão, todos sem
concurso, que, segundo funcionários, não trabalham no local)
e uso do tribunal para pagar
funcionários particulares.
Exoneração
No "Diário Oficial" de ontem
foi publicada a segunda exoneração de um parente de conselheiro. Ione Eneida Marinho,
irmã do conselheiro Robson
Marinho, foi exonerada.
De acordo com o conselheiro,
há três anos ela trabalha como
psicóloga na creche do Tribunal de Contas do Estado.
Em janeiro, após reportagem
da Folha revelar que todos os
sete conselheiros nomearam
parentes sem concurso público
para o tribunal, eles mesmos
baixaram norma fixando um
prazo de 90 dias para que todos
sejam demitidos. A data limite
é 8 de abril. Ainda há 11 familiares nomeados sem concurso.
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