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É DANDO QUE SE RECEBE
Presidente promete liberação de emendas e nomeações
Para tentar recompor base,
Lula recebe romaria política
JULIA DUAILIBI
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma semana após ter enterrado
a reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu entrar em campo para tentar
arrumar a sua base política no
Congresso. No final da tarde de
ontem, o gabinete do presidente
no Palácio do Planalto foi palco de
uma romaria dos parlamentares.
Ao lado do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), Lula
recebeu presidentes e líderes do
PSB e do PL, aos quais prometeu a
liberação de emendas e a nomeação para cargos. Chegou a ouvir
queixas sobre indicações para
funções de terceiro escalão. Na
saída, os parlamentares pediram
o cumprimento das promessas de
Lula como condição para se manterem na base aliada.
A entrada de Lula na articulação
política era uma demanda dos
partidos. Rebelo já havia sugerido
ao presidente que conversasse
mais com os integrantes da base.
Na semana passada, Lula colocou
em prática a sugestão e encontrou-se com o PTB.
Para o PL, do vice-presidente,
José Alencar, presente no encontro, Lula prometeu liberar verbas
contingenciadas do Ministério
dos Transportes, da cota do partido. Determinou para quarta-feira
uma reunião com a equipe econômica para resolver a questão. A
pasta teve um corte de mais de
30%-cerca de R$ 2,7 bilhões.
"Nós precisamos de tinta na caneta. Tinta na caneta faz as coisas
andarem. Afinal, construir estrada, tapar buracos e transportar a
safra não é exigência fora do natural", disse o líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO).
"O Ministério dos Transportes
precisa de dinheiro para executar
projetos", disse o presidente do
PL, Valdemar Costa Neto (SP).
Segundo parlamentares, Lula
disse ser importante para o PT
aprender com a derrota na eleição
para a presidência da Câmara,
que elegeu em fevereiro Severino
Cavalcanti (PP-PE). O presidente
também teria dito que a principal
lição é que o PT precisa aprender
a escutar e que, se tivesse escutado
a base, talvez não tivesse errado.
Mas que isso já passou e que agora é preciso pensar para frente.
Lula também recebeu integrantes do PSB, entre os quais o ministro Eduardo Campos (Ciência e
Tecnologia) e o presidente da sigla, Miguel Arraes.
Jogo do bicho
Os deputados disseram ser importante, em ano eleitoral, a liberação da emenda dos parlamentares. "A Câmara é que nem jogo do
bicho. É uma relação de confiança", definiu Mabel, que, depois,
tentou corrigir e fez a comparação
com um casamento.
Até a nomeação de um funcionário da Companhia Brasileira de
Trens Urbanos foi posta em pauta. O PL reclamou da exoneração
de um indicado do partido, três
dias após ter sido nomeado. "Isso
não pode acontecer, senão caímos
no descrédito", afirmou Mabel.
Ao deixarem o Planalto, os parlamentares defenderam a tese de
que, se o governo quer ver a sua
base sólida, terá de liberar as
emendas. Lula também disse aos
parlamentares que levem suas demandas aos ministros.
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