|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CONCLUSÕES
Serraglio volta atrás e afirma que vai pedir indiciamento de José Dirceu e Gushiken
Falta de acordo em CPI pode derrubar o relatório final
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Na véspera da apresentação do
relatório final, a cúpula da CPI
dos Correios não havia conseguido ontem construir um acordo
em torno do texto.
O relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que vinha
sendo pressionado pelo governo e
pela oposição, estava decidido a
fazer de seu texto, que terá em torno de 2.700 páginas, peça contundente, a despeito da possibilidade
de ser derrubado na votação.
Serraglio disse a membros da
CPI que não vai aceitar a sugestão
dos petistas José Eduardo Cardozo (SP) e Maurício Rands (PE) de
propor categorias intermediárias
ao indiciamento. Com isso, a lista
de indiciados incluirá nomes sobre os quais havia dúvidas, como
os ex-ministros José Dirceu e Luiz
Gushiken e os deputados beneficiados pelo " valerioduto".
As dúvidas que persistiam até o
início da noite eram sobre a tipificação dos indiciamentos. Inicialmente, por exemplo, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira seria
enquadrado no texto por "formação de quadrilha ou bando", sem
que fossem nomeados diretores
da Petrobras e da GDK, fornecedora da estatal, que teriam feito
parte do esquema. Como a tipificação era frágil, o relator estava
sendo aconselhado a mudá-la.
Serraglio deve citar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de maneira sutil. Dirá que não há provas
de que Lula sabia do "mensalão",
mas que indícios levam a crer que
ele foi informado. Nem desta forma a base aliada admite que o
presidente seja mencionado.
O último nó foi o vazamento,
anteontem, de lista de cerca de 50
assessores parlamentares que receberam verbas de empresas e
corretoras do "valerioduto" ou
estiveram no Banco Rural onde
era distribuído o "mensalão".
Membros da oposição tentavam convencer o presidente da
CPI, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), a não incluir essa listagem. À noite, Delcídio foi chamado para reunião no Planalto.
Para o governo, em último caso,
é melhor inviabilizar a votação do
que ter, em ano eleitoral, um documento afirmando que o "mensalão" existiu. O PT elabora relatório paralelo para caso seus pleitos não sejam atendidos.
A oposição contava que teria 16
votos para aprovar o relatório de
Serraglio, contra 15 do governo.
Mas, ontem, o vice-presidente da
comissão, Asdrúbal Bentes
(PMDB-PA), e o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) tinham
passado para o lado governista.
Gushiken divulgou ontem nota
no qual rebate as acusações.
"Com base em ampla documentação, o texto a seguir oferece uma
visão verdadeira e integral sobre
uma série de informações infundadas, inconsistentes, parciais."
Texto Anterior: Elio Gaspari: O terror do mercado contra Mantega Próximo Texto: Guadagnin diz que é vítima de preconceito Índice
|