São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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Guadagnin diz que é vítima de preconceito

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu retorno à Câmara após ser flagrada pela TV dançando em plenário, a deputada Angela Guadagnin (PT-SP) resistiu à pressão para deixar o Conselho de Ética, disse ser vítima de preconceito e ajudou a proteger um petista acusado de ser "mensaleiro". Ela inovou ao "terceirizar" a função de pedir vista do processo contra Josias Gomes (PT-BA) para sua colega Neyde Aparecida (PT-GO).
Foi um dia de constrangimentos. Logo no início da sessão do Conselho, ela pediu a palavra para protestar contra o "massacre" a que estaria sendo submetida. Falando com dificuldade, perto de chorar, Guadagnin disse que 20 segundos de sua vida estavam tendo mais importância do que 30 anos de trajetória política.
"Naquele momento, eu não estava cantando, não estava dançando", disse, cunhando uma nova definição para a dança da madrugada de quinta passada, em comemoração à absolvição de João Magno (PT-MG): "Eu me manifestei com meu corpo todo".
À tarde, no plenário, Guadagnin, 57, reclamou de estar sofrendo "inegável preconceito" por não seguir "o padrão de beleza que a mídia quer impor para todo mundo": "Posso ser gorda, não pinto os meus cabelos, sou do PT. Se seguisse o padrão de beleza da propaganda, teria sido diferente. Caso eu fosse um homem, teria sido irrelevante". Ela acusou a mídia de "insuperável hipocrisia", por ignorar outros episódios no plenário, como "trocas de sopapos", xingamentos e a destruição de exemplares da Constituição.
No Conselho, os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) pediram que ela se afastasse do órgão. A petista, ciente de que não pode ser forçada a sair, resistiu à pressão: "Não acho que faltei com a ética".

Repúdio
A Câmara de São José dos Campos (SP) aprovou ontem, por 17 votos contra três, uma moção de repúdio contra Angela Guadagnin, prefeita de 1993 a 1996.
"A cena protagonizada na madrugada de 24 de março por esta deputada federal demonstra seu descaso com o interesse público", diz a moção, de autoria do vereador Cristiano Ferreira (PSDB). Os petistas defenderam Guadagnin, dizendo que ela pediu desculpas e distribuíram um documento mostrando que o tucano teve suas contas de campanha reprovadas. Ferreira viu nisso uma "retaliação" à moção proposta por ele.


Colaborou FÁBIO AMATO, da Agência Folha, em São José dos Campos

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