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Guadagnin diz que é vítima de preconceito
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu retorno à Câmara após
ser flagrada pela TV dançando em
plenário, a deputada Angela Guadagnin (PT-SP) resistiu à pressão
para deixar o Conselho de Ética,
disse ser vítima de preconceito e
ajudou a proteger um petista acusado de ser "mensaleiro". Ela inovou ao "terceirizar" a função de
pedir vista do processo contra Josias Gomes (PT-BA) para sua colega Neyde Aparecida (PT-GO).
Foi um dia de constrangimentos. Logo no início da sessão do
Conselho, ela pediu a palavra para
protestar contra o "massacre" a
que estaria sendo submetida. Falando com dificuldade, perto de
chorar, Guadagnin disse que 20
segundos de sua vida estavam
tendo mais importância do que
30 anos de trajetória política.
"Naquele momento, eu não estava cantando, não estava dançando", disse, cunhando uma nova definição para a dança da madrugada de quinta passada, em
comemoração à absolvição de
João Magno (PT-MG): "Eu me
manifestei com meu corpo todo".
À tarde, no plenário, Guadagnin, 57, reclamou de estar sofrendo "inegável preconceito" por
não seguir "o padrão de beleza
que a mídia quer impor para todo
mundo": "Posso ser gorda, não
pinto os meus cabelos, sou do PT.
Se seguisse o padrão de beleza da
propaganda, teria sido diferente.
Caso eu fosse um homem, teria sido irrelevante". Ela acusou a mídia de "insuperável hipocrisia",
por ignorar outros episódios no
plenário, como "trocas de sopapos", xingamentos e a destruição
de exemplares da Constituição.
No Conselho, os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos
Sampaio (PSDB-SP) pediram que
ela se afastasse do órgão. A petista, ciente de que não pode ser forçada a sair, resistiu à pressão:
"Não acho que faltei com a ética".
Repúdio
A Câmara de São José dos Campos (SP) aprovou ontem, por 17
votos contra três, uma moção de
repúdio contra Angela Guadagnin, prefeita de 1993 a 1996.
"A cena protagonizada na madrugada de 24 de março por esta
deputada federal demonstra seu
descaso com o interesse público",
diz a moção, de autoria do vereador Cristiano Ferreira (PSDB). Os
petistas defenderam Guadagnin,
dizendo que ela pediu desculpas e
distribuíram um documento
mostrando que o tucano teve suas
contas de campanha reprovadas.
Ferreira viu nisso uma "retaliação" à moção proposta por ele.
Colaborou FÁBIO AMATO, da Agência Folha, em São José dos Campos
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