São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Candidato de Aécio e Pimentel doou R$ 1,1 mi

Nome mais cotado para a aliança PT-PSDB em Minas, Márcio Lacerda fez doação nas eleições de 2002

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE


Preferido do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista Fernando Pimentel para ser candidato da pretendida aliança eleitoral PSDB-PT em Belo Horizonte, o secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais, Márcio Lacerda (PSB), doou para campanhas eleitorais o valor de R$ 1,15 milhão em 2002.
As doações foram feitas em nome de Lacerda (R$ 750 mil) e da Construtel Projetos e Construções (R$ 400 mil), empresa do setor de telecomunicações, atualmente inativa, do secretário do governo mineiro.
O maior beneficiário das doações em 2002 foi o então candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes, de quem Lacerda foi um dos coordenadores financeiros da campanha. Ele doou à campanha de Ciro R$ 950 mil -82% do total doado. Em 2003, foi escolhido por Ciro seu secretário-executivo no Ministério da Integração Nacional.
O segundo maior beneficiado, com R$ 100 mil, foi o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), candidato a deputado federal naquela ocasião.
Também receberam doações os candidatos a deputado federal pelo PPS-MG Juarez Amorim e Ronaldo Gontijo, R$ 20 mil cada um, e Sérgio Miranda (PC do B-MG), R$ 10 mil. O candidato a deputado estadual pelo PT-MT Gilney Amorim Viana recebeu R$ 50 mil.
Lacerda é um ex-comunista que se tornou empresário de sucesso nos anos 80 e 90. A Construtel chegou a faturar em 1998 US$ 255 milhões.
Com a privatização das empresas do setor de telefonia, os negócios de Lacerda começaram a cair. Em 2004, o faturamento da Construtel foi de R$ 2,4 milhões. Suas doações eleitorais naquele ano não passaram de R$ 15 mil, para dois candidatos a vereador pelo PPS.
Em 2005, Lacerda deixou o ministério após seu nome aparecer como suposto beneficiário de R$ 457 mil do esquema do mensalão. Ele foi inocentado pela Polícia Federal e pela CPI dos Correios. Convidado a voltar ao ministério, não aceitou. Em abril de 2007, aceitou o convite de Aécio para ser secretário. Cinco meses depois, ele foi filiado ao PSB pelo tucano, que já pensava em um nome de um partido neutro para uma aliança PSDB-PT. O deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) é um dos que trabalha pela aliança.
Lacerda disse, via assessoria, que o assunto da doação "já foi divulgado, inclusive com reportagem da Folha em janeiro de 2003", quando foi convidado a assumir o cargo no ministério. Disse que foi um ato "de acordo com a lei, e devidamente declarado" à Justiça Eleitoral.


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