São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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"Tinha muita arrumação"

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Ribamar Chagas, 42, presidente de uma das cooperativas em Rosário (MA), dentro do galpão desativado da fábrica inaugurada por FHC em 96


do enviado especial

Ter o presidente Fernando Henrique Cardoso às suas costas -mesmo sem dar dar palavra ou poder virar-se para olhá-lo de frente- foi um momento de emoção na vida da maranhense pobre Maria da Conceição Costa Lima, 23, dois filhos, desempregada.

Folha - Quanto você ganhou, somando tudo?
Maria da Conceição Costa Lima -
R$ 280. Por noves meses.
Folha - E no dia da visita?
Maria -
Tinha que ficar costurando. Eu estava lá sentada quando ele chegou. Eu não podia virar pra trás, nem falar. Eu só fiz olhar ele. Eu já tinha treinamento. Já estávamos fazendo camisa, sim.
Folha - O que o presidente viu lá - era verdadeiro?
Maria -
Não era nada daquilo. Tinha muita arrumação.
Folha - Quanto tempo você ficou mais lá?
Maria -
Ele falou muita coisa, e eu achava que ia pra frente. Aí começou a parar, não tinha tecido. Ele não queria dar o suficiente que a gente precisava. Entrava um contra-cheque de R$ 50 e duas cestas básicas. A promessa era que ia melhorar. Passar pra produção mesmo, pra poder ganhar.



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