São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Pesquisa medirá efeito eleitoral da doença

Estrategistas da pré-candidatura vão pedir levantamento sobre a recepção popular à notícia do tratamento contra câncer de Dilma

Preocupação principal das cúpulas do governo e do partido é com a leitura das faixas de menor renda e de menor escolaridade


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além do resultado do tratamento médico, o Palácio do Planalto e o PT se preocupam com a administração do impacto político no eleitorado da revelação de que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) faz quimioterapia preventiva contra um câncer. A ministra é potencial candidata à Presidência.
Apesar do discurso otimista, a Folha apurou que há dúvidas nas cúpulas do governo e do PT. Uma pesquisa será feita por estrategistas da eventual candidatura presidencial de Dilma para avaliar a recepção da notícia de que a ministra extraiu um tumor maligno e de que necessitará de quatro meses de quimioterapia.
A preocupação maior é com a leitura das faixas do eleitorado de menor renda e de menor escolaridade -se será mais positiva ou negativa. Há uma solidariedade natural a alguém que luta contra uma doença que poderia até fortalecer a eventual candidatura, elevando a taxa de intenção de voto.
Na última pesquisa Datafolha, de março, Dilma obteve 11% no cenário em que concorre com José Serra (PSDB).
No entanto, o câncer ainda é uma espécie de tabu para os estratos mais pobres e menos escolarizados, sendo uma doença ainda bastante associada à ideia de fatalidade. Por isso o governo e o PT têm insistido na argumentação dos médicos de que a chance de cura é de mais de 90%, porque o tumor foi descoberto em estágio inicial.
O temor do governo e do PT é que, mesmo curada, prevaleça a leitura de que Dilma poderá ter um problema sério de saúde no futuro, que possa comprometer seu desempenho caso seja candidata e vença a disputa presidencial de outubro do ano que vem.

Cautela
A oposição tem tratado com cautela o assunto, mas a saúde é um fator importante para quem deseja ser candidato à Presidência. Numa campanha, evento em que naturalmente há acirramento de ânimos, o PT avalia que a oposição poderia relembrar enfaticamente o trauma que o Brasil sofreu com a morte de Tancredo Neves, em 1985, presidente eleito que não chegou a assumir o cargo.
Quem conversou com Lula reservadamente nos últimos dias notou preocupação, mas, por ora, uma certeza: Dilma é mesmo a sua candidata. Não é um discurso da boca para fora.
O presidente conversou com médicos de sua confiança, que disseram a ele que, se o tratamento preventivo for um sucesso, a ministra não terá empecilho de saúde para disputar o Palácio do Planalto.
A ordem presidencial, portanto, é reforçar o discurso otimista e divulgar que o câncer, ao contrário do passado, é hoje uma doença que pode ser mais facilmente curada. Nas próximas semanas, creem estrategistas políticos do PT, já será possível medir em pesquisa a reação do eleitorado.
Mas é considerado fundamental a forma como Dilma reagirá ao tratamento. Por ora, ela tem demonstrado boa disposição física e psicológica. O tratamento está previsto para durar quatro meses.


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