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Pesquisa medirá efeito eleitoral da doença
Estrategistas da pré-candidatura vão pedir levantamento sobre a recepção popular à notícia do tratamento contra câncer de Dilma
Preocupação principal das cúpulas do governo e do partido é com a leitura das faixas de menor renda e
de menor escolaridade
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além do resultado do tratamento médico, o Palácio do
Planalto e o PT se preocupam
com a administração do impacto político no eleitorado da revelação de que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) faz
quimioterapia preventiva contra um câncer. A ministra é potencial candidata à Presidência.
Apesar do discurso otimista,
a Folha apurou que há dúvidas
nas cúpulas do governo e do
PT. Uma pesquisa será feita
por estrategistas da eventual
candidatura presidencial de
Dilma para avaliar a recepção
da notícia de que a ministra extraiu um tumor maligno e de
que necessitará de quatro meses de quimioterapia.
A preocupação maior é com a
leitura das faixas do eleitorado
de menor renda e de menor escolaridade -se será mais positiva ou negativa. Há uma solidariedade natural a alguém que
luta contra uma doença que
poderia até fortalecer a eventual candidatura, elevando a taxa de intenção de voto.
Na última pesquisa Datafolha, de março, Dilma obteve
11% no cenário em que concorre com José Serra (PSDB).
No entanto, o câncer ainda é
uma espécie de tabu para os estratos mais pobres e menos escolarizados, sendo uma doença
ainda bastante associada à
ideia de fatalidade. Por isso o
governo e o PT têm insistido na
argumentação dos médicos de
que a chance de cura é de mais
de 90%, porque o tumor foi
descoberto em estágio inicial.
O temor do governo e do PT
é que, mesmo curada, prevaleça a leitura de que Dilma poderá ter um problema sério de
saúde no futuro, que possa
comprometer seu desempenho
caso seja candidata e vença a
disputa presidencial de outubro do ano que vem.
Cautela
A oposição tem tratado com
cautela o assunto, mas a saúde é
um fator importante para
quem deseja ser candidato à
Presidência. Numa campanha,
evento em que naturalmente
há acirramento de ânimos, o
PT avalia que a oposição poderia relembrar enfaticamente o
trauma que o Brasil sofreu com
a morte de Tancredo Neves, em
1985, presidente eleito que não
chegou a assumir o cargo.
Quem conversou com Lula
reservadamente nos últimos
dias notou preocupação, mas,
por ora, uma certeza: Dilma é
mesmo a sua candidata. Não é
um discurso da boca para fora.
O presidente conversou com
médicos de sua confiança, que
disseram a ele que, se o tratamento preventivo for um sucesso, a ministra não terá empecilho de saúde para disputar
o Palácio do Planalto.
A ordem presidencial, portanto, é reforçar o discurso otimista e divulgar que o câncer,
ao contrário do passado, é hoje
uma doença que pode ser mais
facilmente curada. Nas próximas semanas, creem estrategistas políticos do PT, já será
possível medir em pesquisa a
reação do eleitorado.
Mas é considerado fundamental a forma como Dilma
reagirá ao tratamento. Por ora,
ela tem demonstrado boa disposição física e psicológica. O
tratamento está previsto para
durar quatro meses.
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