São Paulo, Quinta-feira, 29 de Abril de 1999
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JUSTIÇA
Medida elimina questionamento judicial contra empresário
STF livra Garnero de denúncia de estelionato no caso Brasilinvest

SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília

O STF (Supremo Tribunal Federal) livrou ontem o empresário Mário Garnero da denúncia criminal por prática de estelionato na condição de principal acionista do grupo Brasilinvest, que teve duas empresas liquidadas em 1985.
As liquidações foram decretadas pelo então ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, por falta de liquidez e suspeita de desvio de recursos para empresas fantasmas.
Na época, Garnero foi indiciado por estelionato, formação de quadrilha e operação fraudulenta no mercado financeiro. Ele teve bens bloqueados e chegou a ser condenado pela Justiça Federal de São Paulo a cinco anos de prisão, mas nunca cumpriu a pena.
O crime está prescrito (sem possibilidade de punição) desde 1993. Em 1990, o STF já havia anulado a sentença de condenação e todo o processo contra o empresário ao acolher argumento de sua defesa de que a competência para processá-lo e julgá-lo seria da Justiça comum e não da Justiça Federal.
A decisão de ontem é importante porque a denúncia criminal do Ministério Público Federal, agora nula, representava uma espécie de resíduo judicial que o empresário pretendia eliminar para "limpar" o seu nome.
Os ministros do STF ficaram três horas e meia discutindo a questão. Dois -Nelson Jobim e Ilmar Galvão- votaram também pela declaração da prescrição do crime. A maioria preferiu limitar a decisão à anulação da denúncia criminal. A prescrição terá de ser declarada pela primeira instância da Justiça comum de São Paulo.
Garnero preside uma entidade que patrocinou em 1997 viagem a Mônaco de várias autoridades, inclusive três ministros do STF. No ano passado, ele promoveu seminário em Buenos Aires, com a participação também de três ministros do tribunal.
Em 1997, Nelson Jobim, um dos que viajaram para Mônaco, pediu vista do processo. Na época, ele negou interesse na causa e disse que desconhecia o patrocínio da viagem ao principado.
Naquele ano, o empresário registrou em cartório uma declaração pública sobre o caso Brasilinvest, em que afirma que foi vítima de uma "reportagem leviana e irresponsável".


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