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ESQUELETO DO BC
Há suspeita de que eles tenham sido usados em suposto esquema de venda de informações privilegiadas
Sigilo de celulares é quebrado pela Justiça
ISABEL CLEMENTE
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Foi quebrado o sigilo telefônico
dos três aparelhos celulares do
consultor Luiz Augusto Bragança,
amigo de infância de Francisco
Lopes, ex-presidente do BC (Banco Central). Bragança e Lopes são
dois dos principais réus no caso
Marka/FonteCindam.
A Folha apurou que a listagem
das ligações efetuadas e recebidas
pelos três números foi encaminhada pela Justiça Federal aos
procuradores da República encarregados de investigar o caso.
Caberá ao Instituto Nacional de
Criminalística, da PF (Polícia Federal), identificar se os aparelhos
foram usados para comunicação
entre os envolvidos no caso.
O socorro do Banco Central ao
bancos Marka e ao FonteCindam,
em janeiro de 1999, custou R$ 1,57
bilhão ao banco, de acordo com
denúncia do Ministério Público
Federal. As investigações iniciais
sobre o caso se desdobraram em
vários inquéritos.
Os celulares que tiveram o sigilo
quebrado são os seguintes: (21)
9916-2833, (21) 9983-5650 e (21)
9995-5055.
O segundo número foi divulgado erroneamente pela revista
"Veja" desta semana, que acabou
publicando o telefone de Luiz
Carlos Souza Fontes, que nada
tem a ver com o caso.
Dos três aparelhos, um já foi
cancelado por Bragança, em novembro de 2000. Os outros dois
estão ativos, embora tenham permanecido pelo menos desde sábado fora de área ou desligados.
Todas as informações relativas
aos três celulares foram encaminhadas à Justiça Federal pela Telefonica Celular, no dia 5 de abril. A
companhia tem um banco de dados com todas essas informações.
O banco guarda registros de telefonemas trocados a partir da privatização do Sistema Telebrás, em
julho de 1998.
Já em 1999 a PF investigava a hipótese de que telefones celulares
eram usados num suposto esquema de venda de informações privilegiadas do BC para o mercado.
Os procuradores da República
nunca aceitaram a tese de que Salvatore Cacciola não se beneficiou
de informações reservadas.
Ao prestar depoimento à Polícia
Federal, o banqueiro André Esteves, sócio do banco Pactual, foi
questionado se teria feito uso de
telefone celular dado ou cedido
por Bragança. Ele negou.
No depoimento de Luis César
Fernandes, ex-sócio do Pactual, a
PF perguntou se ele sabia da existência de fitas com conversas telefônicas gravadas clandestinamente, das quais constariam provas sobre o vazamento de informações privilegiadas do BC. O ex-banqueiro respondeu desconhecer o assunto.
Os números dos três aparelhos
celulares só surgiram este ano, como resultado do sequestro de
bens de alguns dos réus do processo do Marka, entre eles Luiz
Augusto de Bragança.
O advogado de Bragança, João
Castellar, afirmou que os números estão todos na declaração de
Imposto de Renda do consultor.
Os documentos do processo relativos à investigação paralela que
envolve os celulares estão inacessíveis. São sigilosos, pois correm
em segredo de Justiça. Há outros
apêndices no processo do banco
Marka que a Justiça não permite
consultas.
Também tiveram parte dos
bens sequestrados pela Justiça o
ex-dono do banco Marka, Salvatore Cacciola, o economista Rubem Novaes e Francisco Lopes,
ex-presidente do BC.
Todos os advogados entraram
com recursos, alegando que a medida não tinha cabimento. Os recursos ainda tramitam.
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