São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 2006

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Toda mídia

@ - Nelson de Sá

O medo da interferência

Richard Lapper, editor do "Financial Times" para a América Latina, estava no final de semana em São Paulo, de onde participou de um programa da CNN e escreveu sobre América Latina.
Sua tese é que os investidores externos "reavaliam planos conforme cresce o medo de interferência". O primeiro dos investidores é a Petrobras, que esperava "estabilidade" na Bolívia e se viu "expropriada".

A coisa não pára na Bolívia ou na Petrobras. O Equador vem de fazer o mesmo com a americana Occidental, bem como a Venezuela, antes.
Para Lapper, "uma nova sensibilidade quanto à região viu investidores reavaliarem compromissos". Declara um anônimo "administrador de risco sediado em SP":
- Se você está sentado em Houston ou Londres e assiste alguém sendo chutado na América Latina, isso vai afetar como você vê as coisas.
 
Mas que nada, respondem em seus blogs Sérgio Léo e Daniel Drezner -este célebre "republicano libertário" da Universidade de Chicago.
O brasileiro avisa, "para quem pensa que abocanhar os ganhos das empresas com as reservas de petróleo virou moda de latino-americano", que ela é global. Envia o leitor a Drezner, que destaca uma notícia do próprio "FT".
Na Rússia, o ministro dos recursos naturais anunciou a "revisão" dos contratos com os dois maiores investidores externos no país, Exxon e Shell. Segue Drezner:
- É claro, tal coisa jamais poderia ocorrer nos Estados Unidos... Oh, espere...
E ele envia o leitor ao site da Bloomberg, com a notícia da decisão aprovada na Câmara de Representantes, para rever contratos do Golfo do México e "retomar US$ 10 bilhões em incentivos dados para Exxon, ConocoPhilips e outras".
Sérgio Léo ironiza, sobre a medida dos congressistas:
- Deve ser terrível operar num país com uma tamanha insegurança regulatória.

elpais.es/Reprodução
OS BRICS Jim O'Neill, da Goldman Sachs, com "a justa fama de guru" mundial, falou ontem ao "El País" e voltou a predizer, no título: "Brasil, Rússia, Índia e China podem superar o G7". O Brasil, por ser "muito rico no que a China precisa"


DENTRO DO PRESÍDIO

Globo/Reprodução
"Marcola" anda pelos corredores no "Fantástico", três telejornais, sites e até blogs


Locução que abriu o "Fantástico", ontem:
- Presídio de segurança máxima... Aqui estão presos os bandidos mais perigosos, homens que ordenaram a onda de violência que assustou São Paulo.
Sábado, foi manchete no "JN", "Jornal da Record" e "SBT Brasil". Concentrou de vez a cobertura da crise nos presídios. E não, jamais na segurança pública.

DIRTY HARRY 1
"Nas ruas, 200 mil homens para garantir a segurança", bradou a Globo. Era o aparato para as eleições na Colômbia, onde o conservador Álvaro Uribe deve ser reeleito com discurso linha dura.
Mas o enviado do "FT" trata de sublinhar que, em favelas como Cazucá, em Bogotá, o comando hoje está a cargo dos ex-paramilitares de direita. A sigla da facção é AUC.

DIRTY HARRY 2
Por aqui, enquanto o spam de Cesar Maia espalha frases como "ah... como faz falta um Uribe por aqui", Geraldo Alckmin ecoa o secretário que deixou na Segurança.
E, diz Kennedy Alencar na nota "Dirty Harry", na Folha Online, "vestirá figurino linha dura ao tratar de segurança" na TV -em contraposição a Lula e sua insistência com a educação, também na TV.


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