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PMDB manobra e derruba outro relator
Quintanilha, novo presidente do Conselho de Ética, havia indicado senador do PSB para relatar caso Renan e, sob pressão, recua
Renan nega interferência, mas aliados consideraram arriscado dar relatoria a Casagrande; Quintanilha chegou a reconvidá-lo
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pela cúpula do
PMDB e pelo próprio presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o presidente do
Conselho de Ética, Leomar
Quintanilha (PMDB-TO), desfez ontem a indicação de Renato Casagrande (PSB-ES) para a
relatoria do processo contra
Renan. O recuo de Quintanilha
gera novo impasse no caso, que
permanece sem um relator ao
menos até a próxima terça-feira. Foi mais uma vitória dos
aliados de Renan na tentativa
de protelar o desfecho do caso.
O processo aberto no conselho investiga suspeita de que
Renan poderia ter utilizado recursos da empreiteira Mendes
Júnior para arcar com despesas
pessoais - o pagamento de
pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
A explicação para a manobra
peemedebista de ontem é que
Casagrande foi considerado
uma opção de risco por Renan
após as declarações de que
"pretendia aprofundar as investigações". Na noite anterior,
entretanto, o voto de Casagrande ajudou a eleger Quintanilha.
Após o mal-estar, Quintanilha disse, à noite, que não desconvidou Casagrande. O senador do PSB, então, cobrou dele
uma explicação. Quintanilha
respondeu que ele não estava
descartado, mas só anunciaria a
escolha dia 3 de julho. "Com essa instabilidade, se houver um
novo convite vou ter que reavaliar", disse Casagrande.
"Quando Quintanilha me indicou, conhecia minha posição.
Manifestei aos líderes e partidos a minha posição de continuar com as investigações",
disse ele. Em seguida, desabafou: "Está passando do limite.
As renúncias, a indefinição e a
demora para definir o relator
(...), isso deixa para sociedade
um sentimento de fragilidade".
Pela manhã, antes de confirmar que aceitaria o cargo, Casagrande se reuniu com governistas a portas fechadas. Avisou
que ampliaria as investigações.
Ouviu, então, que os aliados
preferiam outra solução: a tríplice relatoria, na qual ele dividiria a função com um senador
do PT ou do PMDB e o corregedor Romeu Tuma (DEM-SP).
Outro pedido dos aliados de
Renan fora para que o caso fosse desmembrado, remetendo
parte das denúncias ao STF
(Supremo Tribunal Federal).
Casagrande descartou a idéia.
Diante disso, o PMDB o vetou e
Quintanilha recebeu ordem para deixar o posto em aberto.
O senador do PSB havia tomado a decisão de aceitar a relatoria pela manhã. Ao final da
tarde, foi avisado por telefone
das mudanças. "Houve uma
mudança radical (...) Espero
que o senador Leomar Quintanilha tenha condições de dar
explicações", disse Casagrande.
Irritado, Quintanilha limitou-se a dizer que preferiu consultar a assessoria jurídica do
Senado, com o intuito de "checar prováveis impropriedades
no processo", antes de designar
o relator. Mas anteontem, ao
ser eleito presidente, ele não tinha dúvidas: "Se o senador Casagrande aceitasse ser relator
seria um nome firme".
O peemedebista negou que
tenha sofrido pressão. "Agi de
acordo com a minha consciência", disse. Renan rechaçou interferência no caso. "Não é problema meu." "Já tive pressa,
mas a maior pressa a partir de
agora é com a comprovação dos
fatos."
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