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Empréstimos de Agaciel a senadores ampliam crise
Gabinete de Arthur Virgílio confirma que pediu dinheiro ao ex-diretor-geral da Casa
Tucano tem sido o principal crítico de Agaciel e Sarney; bancadas de PSDB e DEM vão decidir se pedem o afastamento do presidente
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ameaças do ex-diretor-geral
do Senado Agaciel Maia de revelar empréstimos concedidos
a senadores e definições de
aliados sobre o apoio ao presidente José Sarney (PMDB-AP)
vão contaminar ainda mais a
crise na Casa numa semana que
será decisiva para os dois.
Principal crítico de ambos
desde o início da crise, o líder
do PSDB no Senado, Arthur
Virgílio (AM), terá de explicar
um empréstimo que recebeu de
Agaciel. As bancadas tucana e
do DEM vão decidir amanhã se
pedem o afastamento de Sarney do cargo.
Subchefe do gabinete de Virgílio, Carlos Homero Vieira Nina confirmou ontem que pediu
dinheiro a Agaciel para ajudar o
líder tucano a pagar uma conta
de hotel em Paris, em 2003,
conforme revelou a revista "IstoÉ" deste final de semana.
"O Arthur estava com um
problema no cartão de crédito.
Era fim de semana, então eu
procurei o Agaciel, que é, ou
era, um grande amigo meu",
disse Nina à Folha. "Podem ter
sido uns R$ 10 mil, mas não
eram US$ 10 mil [como informou a revista]", completou.
De acordo com a revista, o dinheiro não foi pago. O assessor
do líder tucano nega. "Eu fiz
uma vaquinha e paguei na mesma semana", disse. Vieira Nina
não soube precisar se avisou o
senador que o dinheiro depositado na conta dele era de Agaciel. "Não lembro, mas imagino
que eu tenha dito sim."
Vieira Nina também admitiu
que três filhos seus foram funcionários do gabinete do tucano. Virgílio afirmou que irá representar contra si próprio no
Conselho de Ética.
A Folha apurou que outros
senadores também já tomaram
empréstimos de Agaciel. Apesar de dizer publicamente que
não ameaça e não chantageia
ninguém, o ex-diretor tem enviado recados por interlocutores que poderá começar a revelar outros casos parecidos com
o do líder do PSDB.
Ao discursar em favor de
Tião Viana (PT-AC), que perdeu a eleição para a presidência
do Senado para Sarney em fevereiro, Virgílio defendeu a saída de Agaciel da Direção Geral,
posto que exercia desde 1995,
quando foi nomeado por Sarney. O tucano citou na ocasião
que uma secretária de Agaciel
tinha um automóvel BMW.
Em março, Agaciel foi demitido, após a Folha revelar que
ele escondeu da Justiça uma
mansão avaliada em R$ 5 milhões. Foi revelado também
que, a pedido do então diretor-geral, o Senado gastou R$ 6,2
milhões para pagar horas extras no recesso parlamentar.
Agaciel e seu grupo passaram a
creditar aos tucanos e a Tião
Viana a origem das denúncias.
Em seguida, o petista teve
que explicar por que emprestou um telefone celular do Senado para a filha viajar para o
México. A conta custou R$ 14
mil. Em abril, quando foi revelado que Tasso Jereissati
(PSDB-CE) usou sua cota de
passagem aérea para fretar jatinhos particulares, o tucano
culpou diretamente Agaciel.
Processo administrativo
Na quarta-feira, deverá ser
confirmada a abertura de um
processo administrativo contra
o ex-diretor-geral, o que poderá
resultar na sua demissão. Agaciel é o principal acusado de
produzir atos secretos na Casa.
A comissão de sindicância que
apura o caso deverá entregar o
seu relatório final. O Ministério
Público Federal também abriu
um inquérito relativo ao tema.
Amigo de Agaciel e padrinho
de casamento de sua filha, Sarney também enfrentará dias de
tensão. O DEM e o PSDB decidem amanhã suas posições em
relação à situação de Sarney.
As duas bancadas questionam o fato de um neto de Sarney ser dono de uma corretora
que atuou no mercado de crédito consignado do Senado. Para
o DEM, o caso é parecido com o
do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, cujos filhos eram donos ocultos
de uma corretora que também
operava no Senado.
"Não podemos ter dois pesos
e duas medidas", disse o líder
do DEM José Agripino.
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