São Paulo, domingo, 29 de julho de 2001

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DIPLOMACIA

Tony Blair, que desembarca amanhã em Brasília, é o primeiro chefe de governo do Reino Unido a visitar o país

Premiê britânico faz visita inédita ao Brasil

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, 52, inicia amanhã uma visita de três dias ao Brasil, que está sendo considerada pelo governo brasileiro como a mais importante presença de chefe de governo este ano no país.
Na pauta, a assinatura de um protocolo considerado inovador: o intercâmbio entre os dois países em novas políticas sociais.
"É uma área inovadora essa da troca de experiência em políticas sociais e de propostas de luta contra a pobreza", afirmou à Folha o embaixador do Brasil no Reino Unido, Sergio Amaral, futuro ministro do Desenvolvimento.
Não há programas ou projetos específicos previstos -pelo documento, dependerá de cada um dos setores demonstrar interesse. Do lado brasileiro, já houve demonstrações de envolvimento na política de engajamento da juventude no processo de globalização, especialmente do acesso ao uso da internet. Do lado britânico, dos programas de combate à Aids e de educação à distância.
O documento a ser assinado é um adendo ao Plano de Ação Conjunta, assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na visita que fez a Blair em 1997, em Londres. Nele são tratadas as idéias gerais de cooperação entre os dois países nas mais diversas áreas, como ciência e tecnologia, saúde e educação.
A visita de Blair -a primeira de um chefe de governo inglês, apesar de Brasil e Reino Unido sempre terem tido ótimas relações políticas e serem excelentes parceiros comerciais- está sendo vista sobretudo como um gesto de cortesia ao presidente FHC.
"Estamos ansiosos por estabelecer um diálogo muito mais próximo em assuntos econômicos, políticos, comerciais e sociais, porque nós reconhecemos que o Brasil é a nona economia mundial e porque há uma grande admiração pelas conquistas do governo FHC nos últimos seis anos", afirmou o embaixador do Reino Unido no Brasil, Roger Bone.
Ambos os lados reconhecem que o fato de FHC e Blair terem visões políticas parecidas sobre vários problemas mundiais é um dos atrativos que determinaram essa visita.
O embaixador brasileiro explica: "São dois líderes que partem de uma trajetória de esquerda e se dão conta de que esse seu compromisso com a social-democracia tem de levar em conta as novas realidades do mundo".
Apesar de Blair vir com um representativo grupo de empresários -dez, contra apenas dois ministros de seu governo-, a tônica da visita não será o de ampliar acordos comerciais.
"Não haverá novos contratos. Os empresários virão se familiarizar com o país e sinalizar um nível de interesse muito alto pelo Brasil", disse o embaixador britânico. Nem mesmo a visita à Embraer, na terça-feira, significará novos contratos. "Trata-se de uma visita simbólica, pois a Embraer é hoje a maior exportadora para o mercado britânico", afirmou Amaral.
FHC irá acompanhar Blair à Embraer, em São José dos Campos (SP), e depois até Foz do Iguaçu, quando haverá um encontro com o presidente da Argentina, Fernando de La Rúa. A idéia era ter ainda a participação do presidente do Chile, Ricardo Lagos -que não poderá comparecer-, para que fosse discutida a "governança progressista", movimento do qual Blair, com sua política do novo trabalhismo, é um dos fundadores.
De última hora, foi agendado um encontro entre Blair e a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). "Tony Blair queria a oportunidade de se encontrar com a prefeita Marta Suplicy e isso foi recíproco da parte dela", afirmou o embaixador britânico.


Colaborou CAROLINA VILA-NOVA, da Sucursal de Brasília



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