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Saques no Rural do DF começaram em 2003
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Os saques na conta da SMPB
Comunicação, da qual Marcos
Valério Fernandes de Souza é sócio, migraram da agência do Banco Rural em Belo Horizonte para
a de Brasília a partir de setembro
de 2003. Nesse mês, começam os
saques de supostos operadores do
"mensalão" que, em Brasília, retiraram R$ 5,7 milhões, ou seja,
pouco mais de 25% dos R$ 20,6
milhões sacados da SMPB.
Foi também em setembro de
2003 que a Câmara aprovou a reforma tributária após enfrentar
uma rebelião de partidos aliados
em agosto. João Cláudio Genu, assessor do líder do PP na Câmara,
José Janene (PR), sacou pelo menos R$ 1,15 milhão, sendo R$ 300
mil em 17 de setembro de 2003
(quando a reforma foi aprovada
em primeiro turno) e R$ 600 mil
no dia 24 (dia do segundo turno).
O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirma que o
"mensalão", no valor de R$ 30
mil, era pago por Marcos Valério,
a pedido do PT, a congressistas do
PL e PP em troca de apoio em votação de projetos do governo.
A informação sobre a migração
é obtida cruzando a lista de sacadores da conta da SMPB com a relação de pessoas que entraram na
agência do Banco Rural em Brasília. Entre os supostos operadores
do "mensalão" estão Simone Reis
Vasconcelos e Eliane Alves Lopes,
funcionárias da SMPB; Jacinto de
Souza Lamas, ex-tesoureiro do
PL; e o assessor João Genu.
Os quatro passam a freqüentar
o Banco Rural em Brasília a partir
de setembro de 2003. Nesse mês, o
deputado Josias Gomes (PT-BA)
e Márcia Regina, mulher do então
presidente da Câmara João Paulo
Cunha (PT-SP), fizeram saques
de R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente, na conta da SMPB.
No levantamento da CPI dos
Correios, Simone figura como sacadora de R$ 6,1 milhões na conta
da SMPB. Desse total, R$ 1,425
milhão foi sacado em Brasília,
pois as datas dos saques conferem
com os dias em que ela esteve na
agência do Rural no Brasília
Shopping. À PF, Simone disse que
distribuía, por ordem de Marcos
Valério, dinheiro a "estranhos"
dentro do banco em Brasília.
Nos meses de abril e maio de
2003, Simone sacou R$ 3,11 milhões da SMPB, mas não há registro da entrada dela no Banco Rural em Brasília, apontando que os
saques devem ter ocorrido na
agência em Belo Horizonte.
Naqueles mesmos meses, os policiais David Rodrigues e Luiz
Carlos Lara retiraram R$ 5,5 milhões. Eles disseram que levaram
o dinheiro de agências do banco
em Belo Horizonte para a SMPB
na cidade, indicando que os saques se concentravam em Minas.
Lamas, do PL, sacou R$ 1,25 milhão de 16 de setembro de 2003
(véspera da votação da reforma
tributária) a 20 de janeiro de 2004.
Cinco vezes o dinheiro foi retirado por Simone na boca do caixa
enquanto ela esteve na agência
em Brasília. Eliane, também funcionária da agência de publicidade SMPB, fez saques de R$ 480
mil, o primeiro deles, no valor de
R$ 250 mil, no dia 16 de setembro.
Marcos Valério esteve na agência do Rural em Brasília em 19 de
agosto daquele ano. Sacou R$ 150
mil na conta de outra empresa, a
DNA Propaganda. Após a visita
do empresário, começaram a
ocorrer saques de Simone, Genu e
Lamas. Destoam desse período as
retiradas feitas por Anita Leocádia, assessora do ex-líder do PT
na Câmara Paulo Rocha. Ela sacou R$ 470 mil em 2003, sendo R$
120 mil em dezembro, R$ 250 mil
em junho e R$ 100 mil em julho.
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