|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT NO DIVÃ
Presidente do partido concorrerá à reeleição pelo Campo Majoritário, ala de José Dirceu
Tarso lança candidatura e PT busca "pacificação" interna
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Destacado para comandar o PT
em meio à crise política do governo, o ministro demissionário da
Educação, Tarso Genro, oficializou ontem sua candidatura à presidência do partido pelo Campo
Majoritário, ala moderada que
controla a legenda e tem como
principal líder o ex-ministro e deputado José Dirceu (PT-SP). O PT
passará por eleições internas em
18 de setembro deste ano.
Com a oficialização da candidatura, dirigentes petistas apostam
num "pacto pela pacificação" do
partido, que seria selado entre
Tarso, que não era do Campo Majoritário, e correligionários de
Dirceu. O grupo do ex-ministro
quer que o presidente do PT dedique à defesa da legenda a mesma
energia que vem dedicando às autocríticas.
Ontem, acompanhando a comitiva presidencial em viagem a
Porto Alegre (RS), Tarso começou a afinar seu discurso. Ele definiu a crise política como ""sistêmica" e criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
por ter dito que a extensão das investigações para seu governo tiraria o foco das atuais apurações.
""Fernando Henrique não pode
entrar com um habeas corpus
preventivo e dizer para só investigarem a conjuntura. Vamos investigar a estrutura", disse ele.
Também deu sinais sobre a condução das apurações internas.
Tarso, que havia sugerido que deputados envolvidos em denúncias do escândalo do "mensalão",
entre eles Dirceu, pedissem abertura de um processo na comissão
de ética petista "antes que alguém
o fizesse", agora modera o tom:
afirma que é preciso ouvi-los antes que medidas sejam tomadas.
Na próxima quarta-feira, vai pedir a notificação de ""todos os
companheiros que estão sendo
mencionados para que apresentem relatório prévio sobre o porquê disso e seus pontos de vista".
Coordenador do Campo Majoritário, Francisco Rocha -o Rochinha- afirmou que, com Tarso candidato, convocará uma nova reunião da corrente para traçar
sua campanha. A ala moderada
acredita que as críticas de Tarso
ao modelo econômico e à gestão
passada do partido são uma estratégia para atrair as correntes de
esquerda da legenda. A expectativa, porém, é que ele assuma a tese
já preparada pelo Campo Majoritário, que ignora a discussão, no
PT, da política econômica do país.
"Espero que, com a mesma força que ele cobra internamente, ele
cobre também externamente",
afirmou o deputado estadual
Fausto Figueira, amigo de Dirceu.
Além de adotar um discurso
menos cáustico, Tarso terá de justificar para o público externo a
presença na chapa do Campo Majoritário de petistas que têm seus
nomes ou de assessores envolvidos no escândalo. É o caso dos deputados Josias Gomes (PT-BA) e
José Mentor (PT-SP) e do presidente do PT do Distrito Federal,
Vilmar Lacerda -eles aparecem
como sacadores das contas do
empresário Marcos Valério.
Além deles, a lista dos envolvidos no escândalo inclui o próprio
Dirceu, João Paulo Cunha (PT-SP) e o deputado estadual José
Guimarães Nobre, cujo assessor
foi flagrado com dólares na cueca.
Até agora, não há sinais de que
correntes mais à esquerda venham a aderir à candidatura Tarso. "Acho negativo para o PT que
ele [Tarso] seja candidato. Nessa
condição, ele terá compromisso
com o Campo Majoritário, o que
limita a capacidade de limpeza do
partido", disse Valter Pomar, candidato à presidência do PT pela
chapa A Esperança é Vermelha.
"A tendência é que Tarso se ligue ao presidente Lula e tente
mostrar que a máquina de Dirceu
foi desfeita. Mas ele não vai se eleger sem a máquina de Dirceu",
afirmou Plínio de Arruda Sampaio, candidato da chapa Esperança Militante. "Tarso deixa de
ser magistrado para ser interessado no processo, mas permanece
com nossa confiança", disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS), da chapa Movimento. Apesar das declarações de confiança
dirigidas ao presidente do PT, ela
diz que manterá a candidatura. O
deputado estadual Raul Pont (RS)
também afirmou que se manterá
na disputa.
(CÁTIA SEABRA, CONRADO CORSALETTE E LÉO GERCHMANN)
Texto Anterior: UNE promete a volta dos "caras-pintadas" Próximo Texto: Correios: Relatório do TCU aponta indícios de superfaturamento em licitação Índice
|