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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Heloísa agradece, mas PSOL limita o apoio de Garotinho
Candidata diz ter "obrigação" de agradecer "qualquer intenção de voto'; partido rejeita dividir palanques com ex-governador
Senadora afirma ter sabido de adesão do peemedebista pela imprensa; segundo o deputado Babá, qualquer um pode declarar seu voto
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Crítica feroz das alianças políticas oportunistas, a candidata do PSOL à Presidência, Heloísa Helena, disse ontem, em
Recife, que agradecia "humildemente" qualquer intenção de
voto nela, ao comentar a adesão
do ex-governador do Rio Anthony Garotinho à sua candidatura. Já os líderes do PSOL rejeitaram a possibilidade de dividir palanque com Garotinho.
"Eu soube disso pela imprensa e, humildemente, tenho a
obrigação de agradecer qualquer intenção de voto", afirmou. Mas emendou em seguida: "Qualquer concessão é zero
para mim, sempre foi".
A senadora disse também
que não conhece Garotinho.
Afirmou que só o viu pessoalmente uma vez. Ela elogiou, entretanto, dois dos articuladores
do programa econômico do
PMDB, Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), e o cientista político César Benjamim,
candidato a vice na sua chapa.
"São dois economistas muito
sérios do Brasil", disse.
Fora do palanque
Apesar do anúncio de Garotinho, ele não estará no palanque
de Heloísa Helena, disseram
ontem líderes do PSOL.
"Ele nunca subirá no palanque da senadora", disse o deputado federal Babá (PA). Para
ele, os possíveis votos de Garotinho e de sua mulher, a governadora Rosinha Matheus, não
significam um acordo do PSOL
com o grupo político que comanda o Rio desde 1999.
"De forma alguma a declaração de voto permitirá a Garotinho subir no nosso palanque.
Encaro isso como um voto, não
um apoio. Declarar voto qualquer um pode declarar", disse.
Fundadora do partido como
Babá, a deputada federal Luciana Genro (RS) disse que não há
chance de o PSOL e a campanha Heloísa Helena firmarem
um acordo político com o grupo
de Garotinho. "Qualquer cidadão tem o direito de manifestar
seu apoio em Heloísa Helena.
Isso para nós não tem nenhuma contrapartida. Mas ninguém é tolo de recusar voto."
A deputada disse ainda considerar difícil Garotinho subir
em palanques do PSOL, porque
isso exigiria "um acordo político mais aprofundado".
Ex-deputado federal pelo PT,
o jornalista Milton Temer é o
candidato do PSOL à sucessão
de Rosinha. Nos atos de campanha, ataca com dureza o casal
Garotinho. O candidato apoiado por eles, o senador Sérgio
Cabral Filho (PMDB), lidera as
pesquisas de intenção de voto.
Temer disse ontem que "todo voto é bem-vindo". "Mas só
há acordo político com quem
temos identidade e afinidade
ideológica. O que não é o caso. E
nós continuaremos a criticar o
papel predatório da política do
governo Rosinha."
Em Recife
Heloísa Helena chegou na
madrugada de ontem a Recife,
em um vôo comercial. De manhã, repetiu um ato de Lula na
campanha eleitoral passada: visitou uma favela de palafitas.
Na época, Lula escolheu Brasília Teimosa, hoje urbanizada
e palco, há uma semana, do primeiro ato de campanha do petista à reeleição. A senadora optou pela Ilha de Deus. Diferentemente de Lula, não prometeu
tirá-las do local. "Promessa é
coisa de político demagogo."
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