São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Já chega a 127 número de sanguessugas

Total é soma dos parlamentares e ex-parlamentares investigados pelo STF e dos acusados por empresário em depoimento

Entre os citados por Luiz Antonio Vedoin, dono da Planam, estão quatro deputados contra os quais não há ainda investigação


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de parlamentares e ex-parlamentares envolvidos no esquema de propina na compra de ambulâncias por prefeituras já chega a 127.
O empresário Luiz Antonio Tevisan Vedoin apontou em depoimentos ao Ministério Público Federal o nome de 121 congressistas e ex-congressistas. Nas 151 páginas de transcrição, o dono da Planam, empresa que encabeçava o esquema, detalhou a forma como negociava as emendas feitas pela quadrilha ao Orçamento da União -a média é que cada um dos parlamentares levava 10%, como propina, do valor da emenda que apresentava. Com outros seis investigados pelo Supremo Tribunal Federal, mas não citados no depoimento de Vedoin, a soma atinge 127.
Desse total, 90 congressistas (87 deputados federais e três senadores) já foram notificados pela CPI para apresentar defesa. Os demais estão em análise -boa parte é formada por ex-congressistas, cuja investigação ficará a cargo do Judiciário.
Desde o estouro do escândalo dos sanguessugas, em maio, o número de parlamentares supostamente envolvidos no esquema vem variando. De acordo com a investigação da Polícia Federal e o Ministério Público, o esquema consistia no desvio de verbas da União para que prefeituras adquirissem ambulâncias e equipamentos hospitalares superfaturados da quadrilha. Vedoin, chefe confesso dos sanguessugas, entregou todo o esquema para se beneficiar da delação premiada.
Entre aqueles citados por Vedoin em circunstâncias que podem levantar suspeitas estão quatro deputados que não são investigados formalmente, até agora, nem pela CPI nem pelo Supremo Tribunal Federal.
Em determinado trecho do depoimento, Luiz Sérgio (PT-RJ) e Alexandre Santos (PMDB-RJ) são acusados de direcionar uma emenda ao Orçamento da bancada do Estado do Rio de janeiro para o esquema da Planam. A emenda, diz Vedoin, era de R$ 10 milhões e precisava ser repartida entre os deputados. "(...) Ao final, a emenda da bancada foi toda direcionada de acordo com as indicações dos deputados Luiz Sérgio e Alexandre Santos", diz trecho do depoimento.
Contatado, o deputado Luiz Sérgio nega conhecer Vedoin ou ter atuado em seu benefício perante a bancada. O deputado conta que foi destituído da coordenação da bancada na reunião de novembro de 2005 que justamente discutia, de forma acirrada, a distribuição de recursos de emendas entre os municípios. "[Nelson] Bornier coletou assinaturas para me tirar do posto, de surpresa, e Alexandre Santos assumiu", disse. "Só posso entender que, como nunca fui beneficiado nem me envolvi com nada, que não servia para o posto."
O empresário também envolve um assessor do deputado Nelson Bornier (PMDB-RJ) no esquema. Ele diz que esse assessor, chamado Lula Marques, teria apresentado a Vedoin a empresa Politec, que participava de licitações fraudadas. Bornier não foi localizado ontem.
O outro deputado citado, e ainda não investigado, é Philemon Rodrigues (PTB-PB). Vedoin fala sobre emendas do deputado para o Estado da Paraíba. " Com relação às emendas do deputado Philemon Rodrigues, apesar de as licitações terem sido direcionadas, nem o deputado nem o prefeito receberam qualquer comissão. Apesar de não terem recebido comissão, tinham conhecimento que as licitações eram direcionadas". A Folha também não conseguiu falar com o deputado ontem.


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