Sobre e-mail enviado por ele a subprefeitos, prefeito afirma que está "tranqüilo" e que sua campanha não enfrenta crise

Em viagem de ônibus de 40 minutos, democrata faz "entrevista" sobre bilhete único com passageiros para sua campanha na televisão

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), afirmou ontem que a ação movida pelo PT no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por conta do e-mail enviado por ele a subprefeitos é uma tentativa de "ganhar no tapetão". "Estou muito tranqüilo, já dei minhas explicações. É uma pena que alguns candidatos queiram ganhar no tapetão. Vamos deixar o povo decidir."
A Folha revelou no domingo que Kassab enviou e-mail para subprefeitos pedindo uma "ação" de modo a tentar influir na última pesquisa Datafolha.
A mensagem foi enviada em 23 de julho -primeiro dos dois dias de campo do levantamento, que apontou Kassab em terceiro (11%). Ele voltou a negar que haja crise após a divulgação do e-mail. "Não tem crise nenhuma. Fiz isso como cidadão. Tenho espírito público."
O prefeito tem argumentado que não usou a máquina pública e que sua intenção era evitar que adversários influenciassem o levantamento.
Kassab promoveu ontem medidas recentes da prefeitura. Cedo, fiscalizou o primeiro dia de rodízio de caminhões no centro expandido, medida que tenta diminuir o trânsito.
Na hora do almoço, foi fiscalizar o uso do bilhete único, cuja duração foi ampliada de duas para três horas. Kassab afirma que a medida não é eleitoreira.
O prefeito embarcou no terminal Santo Amaro, na zona sul, e seguiu para o terminal Bandeira, no centro. A viagem durou cerca de 40 minutos. Kassab entrevistou dois passageiros diante das câmeras da campanha e perguntou o que achavam sobre o aumento do número de horas do benefício.
O porteiro Antônio Írio Filho, que mora em Parelheiros e leva cerca de duas horas para ir ao centro, elogiou a medida. Kassab também conversou com Flávio de Oliveira e disse que foi o primeiro prefeito em 30 anos a investir no metrô.
"É para as pessoas como o Flávio que a gente está estendendo esse benefício, pessoas que moram distante do centro ou distante do trabalho", disse.
Uma repórter da equipe de Kassab perguntou se ele "poderia explicar novamente os corredores que estão sendo implementados pela prefeitura", o que abriu a brecha para que criticasse corredores "das outras gestões", dizendo que não têm área de ultrapassagem. Ele negou que estivesse criticando a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). No fim do trajeto, questionado se acreditava ter conquistado os votos dos dois passageiros, disse: "Eu nem pedi [votos]. Nosso objetivo é mostrar que existe uma boa gestão".


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