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SENADOR SOB PRESSÃO
Prioridade agora é reduzir risco de pedido de prisão
Jader planeja entregar sua
carta de renúncia na terça
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) deixou em Brasília,
antes de viajar anteontem para
Belém, a carta de renúncia ao
mandato. Em princípio, a carta
deve ser entregue à Mesa do Senado na próxima terça-feira, mas Jader só tomará a decisão neste fim
de semana.
O ex-presidente do Senado espera que a perícia dos documentos referentes ao desvio de recursos do Banpará (Banco do Estado
do Pará), pedida por ele à Justiça,
fique pronta antes de a Mesa do
Senado determinar a abertura do
processo por quebra de decoro
parlamentar. Após essa decisão, a
renúncia do senador não evita o
processo de cassação e a perda
dos direitos políticos.
"Se sair essa perícia, eu vou enfrentar esse pessoal", disse Jader
ontem à Folha. O peemedebista
se diz convencido de que a perícia
vai inocentá-lo, mas não tem a
mesma expectativa em relação ao
julgamento político no Senado.
Jader é acusado de mentir ao dizer que não se beneficiou do desvio de recursos do Banpará e de
engavetar um requerimento de
informação ao BC (Banco Central) sobre o assunto.
O senador paraense também
não acredita que o STF (Supremo
Tribunal Federal) acate o mandado de segurança impetrado por
seu advogado para que o processo
no Conselho de Ética seja paralisado. Mas o objetivo é demonstrar que o senador paraense está
disposto a enfrentar o julgamento
do Judiciário. Jader teme que algum procurador peça sua prisão
assim que ele renunciar e perder o
direito à imunidade parlamentar.
Demonstrando estar à disposição
da Justiça, o senador espera reduzir o risco de algum juiz acatar um
pedido de prisão.
No STF, Jader é alvo de dois inquéritos: um apura se ele se beneficiou de recursos desviados do
Banpará, o outro se ele recebeu
dinheiro em troca da desapropriação de uma fazenda quando
era ministro da Reforma Agrária,
no governo Sarney (1985-1990).
A Polícia Federal e procuradores da República também investigam seu envolvimento em desvio
de verbas da antiga Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Pelo menos
uma das acusações contra Jader é
comprovadamente falsa: a de que
teria pedido propina a um empresário do Amazonas para aprovar
projeto na Sudam.
A eventual prisão pode jogar
por terra os planos de Jader de
voltar ao Senado em 2003. No Pará, segundo o próprio Jader, ele
estaria sendo visto como "vítima"
de um processo político. Pesquisas o colocam como favorito na
eleição para o governo estadual.
"O sentimento generalizado é o
de que eu sou vítima. É reconfortante", disse Jader ontem, em
Santarém, após filiar ao PMDB o
principal líder do PFL paraense, o
ex-governador Hélio Gueiros.
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