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De la Rúa diz que Mercosul é prioridade
DA REDAÇÃO
O presidente argentino, Fernando de la Rúa, parece ter decidido cortar os vínculos que unem
politicamente seu destino ao do
ministro Domingo Cavallo.
Desautorizou publicamente Cavallo em dois pontos: sobre as críticas que fizera na sexta ao Brasil,
o principal parceiro no Mercosul,
por ""desvalorizar continuamente
sua moeda". E pelo ministro ter
rompido as negociações com as
Províncias para um novo acordo
de distribuição de verbas.
Em comunicado, o presidente
argentino afirmou que ""o Mercosul é uma política de Estado, uma
prioridade". Considerou que ""as
diferenças devem ser resolvidas
negociando", além de fazer menção à ""crescente importância estratégica do Mercosul". E que haveria de se aperfeiçoar os pontos
onde há divergências. O chanceler
Adalberto Rodríguez Giavarini
leu o texto por telefone ao parceiro brasileiro, Celso Lafer.
Em outra frente, De la Rúa manifestou sua intenção de negociar
pessoalmente com os governadores das Províncias argentinas um
novo acordo sobre a distribuição
de verbas federais e para o refinanciamento de suas dívidas (estimadas em US$ 21 bilhões).
As negociações foram suspensas na quinta, após Cavallo e o governador peronista (oposicionista) Nestor Kirchner trocarem insultos e ameaças em uma reunião.
Os mandatários alegam que o
governo federal alardeia o cumprimento do plano de déficit zero
à custa do atraso nos repasses das
verbas. Cavallo rebate com a afirmação de que, com as seguidas
baixas nos níveis de arrecadação,
é impossível manter o repasse de
US$ 1,364 bilhão mensal.
Para alguns analistas, as atitudes intempestivas de Cavallo poderiam ser o aceno de que estaria
preparando sua saída. Para outros, suas ambições políticas o impedem de deixar o cargo.
De qualquer forma, ao manter
Cavallo, o presidente argentino
corre o risco de isolar-se. A Frepaso, um dos partidos que o apóia,
deve se reunir hoje para decidir se
rompe ou não com o governo. A
UCR, o partido do presidente,
exige uma ""mudança de rumo"
na política econômica. E os peronistas planejam uma manifestação contra o governo para a próxima sexta.
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