São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2001

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De la Rúa diz que Mercosul é prioridade

DA REDAÇÃO

O presidente argentino, Fernando de la Rúa, parece ter decidido cortar os vínculos que unem politicamente seu destino ao do ministro Domingo Cavallo.
Desautorizou publicamente Cavallo em dois pontos: sobre as críticas que fizera na sexta ao Brasil, o principal parceiro no Mercosul, por ""desvalorizar continuamente sua moeda". E pelo ministro ter rompido as negociações com as Províncias para um novo acordo de distribuição de verbas.
Em comunicado, o presidente argentino afirmou que ""o Mercosul é uma política de Estado, uma prioridade". Considerou que ""as diferenças devem ser resolvidas negociando", além de fazer menção à ""crescente importância estratégica do Mercosul". E que haveria de se aperfeiçoar os pontos onde há divergências. O chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini leu o texto por telefone ao parceiro brasileiro, Celso Lafer.
Em outra frente, De la Rúa manifestou sua intenção de negociar pessoalmente com os governadores das Províncias argentinas um novo acordo sobre a distribuição de verbas federais e para o refinanciamento de suas dívidas (estimadas em US$ 21 bilhões).
As negociações foram suspensas na quinta, após Cavallo e o governador peronista (oposicionista) Nestor Kirchner trocarem insultos e ameaças em uma reunião.
Os mandatários alegam que o governo federal alardeia o cumprimento do plano de déficit zero à custa do atraso nos repasses das verbas. Cavallo rebate com a afirmação de que, com as seguidas baixas nos níveis de arrecadação, é impossível manter o repasse de US$ 1,364 bilhão mensal.
Para alguns analistas, as atitudes intempestivas de Cavallo poderiam ser o aceno de que estaria preparando sua saída. Para outros, suas ambições políticas o impedem de deixar o cargo.
De qualquer forma, ao manter Cavallo, o presidente argentino corre o risco de isolar-se. A Frepaso, um dos partidos que o apóia, deve se reunir hoje para decidir se rompe ou não com o governo. A UCR, o partido do presidente, exige uma ""mudança de rumo" na política econômica. E os peronistas planejam uma manifestação contra o governo para a próxima sexta.


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