São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Estatal concede 6,4% de reajuste, aceito pela FUP, mas que será submetido a assembléia; Replan encerra greve

Petroleiros aceitam oferta da Petrobras

DA SUCURSAL DO RIO
DA FOLHA CAMPINAS

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) anunciou ontem a noite que aceitou a proposta de reajuste salarial feita pela Petrobras, colocando fim à greve que durava cinco dias em todo o país.
Segundo o diretor de imprensa da FUP, Mozart Queiroz, caberá agora às assembléias nas refinarias ratificarem o acordo, o que pode acontecer hoje.
Mesmo se o acordo não tivesse sido feito, a entidade já havia falado que a paralisação se encerraria ontem, à meia-noite.
De acordo com o diretor da entidade, Mozart Queiroz, a empresa manteve, ontem, as propostas de 6,4% de reajuste salarial (os grevistas queriam inicialmente 8,3%) e dois salários de abono a título de participação nos lucros -o que era considerado insuficiente para a categoria, que exigia que os abonos fossem estendidos aos aposentados.
Segundo a FUP, foi descarta a possibilidade de uma nova paralisação -a orientação é encerrar a greve.
As assembléias por refinarias vão decidir hoje o nível de adesão dos funcionários. Ontem a tarde, mesmo antes do anúncio do acordo da FUP, os 110 funcionários da Replan (Refinaria de Paulínia), que ocuparam a unidade em adesão à greve nacional dos petroleiros, já haviam decidido pelo fim da manifestação, após mais de 120 horas em vigília no local.
Foi a primeira grande refinaria a decidir encerrar a greve por reajuste salarial, que ontem havia completado cinco dias.
Em Paulínia,os trabalhadores aceitaram a contraproposta feita pela Petrobras para colocar a Replan, que produz 54 milhões de litros de combustível por dia, em funcionamento.
A greve de ocupação na refinaria começou às 7h30 da última terça-feira, quando um grupo de 120 funcionários ligados ao Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros) se recusou a deixar o setor de refino da Replan.
Em cinco dias dentro da unidade, a produção da maior refinaria do país foi garantida por um grupo de 60 grevistas, que se revezava com os outros 60 -esses últimos negociavam o fim da greve e a manutenção dos funcionários dentro da Replan.
Na negociação, a diretoria da Replan queria a saída dos grevistas. Pela proposta, a produção seria assumida por um pessoal de contingência da Petrobras. Não foi aceita. Ainda assim, a greve não afetou a produção.
O acordo fechado com a Replan é o mesmo proposto nacionalmente. Os trabalhadores terão um aumento de 6,4% nos salários, mais incorporação de vantagens no pagamento dos profissionais ativos e um abono de dois salários a todos os trabalhadores.
Se a greve fosse prolongada, poderia haver risco de desabastecimento de petróleo e gás no país.
Ontem houve adesão de todas as 38 plataformas da bacia de Campos. A produção nacional de petróleo ficou 62% menor que o nível normal. Os petroleiros se comprometeram a manter apenas as atividades mínimas, que em caso de serem cortadas, oferecem riscos operacionais e de segurança.
Segundo a Petrobras, foram produzidos 521 mil barris de petróleo. O volume normalmente produzido é de 1,39 milhão de barris. Na Bacia de Campos, que responde por 80% da produção nacional de petróleo, foram extraídos 232 mil barris quando o normal são 1,1 milhão de barris.
Hoje, representantes da FUP e a Petrobras deveriam participar de uma audiência no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Na sexta-feira, a empresa entrou com uma ação no Tribunal para que declarasse a greve abusiva em virtude da produção de petróleo ter caído em 65% e a de gás em 81%. O TST, por sua vez, exigiu que a FUP garantisse que 50% dos petroleiros voltassem ao trabalho sob pena de uma multa diária de R$ 50 mil.
De acordo com Queiroz, a Petrobras prometeu retirar a ação, já que a categoria aceitou o acordo proposto pela empresa.


Texto Anterior: Viagem: Para Itamaraty, FHC entrou na "intimidade do Primeiro Mundo"
Próximo Texto: Oposição: Para debatedores do Fórum Social, Brasil deveria decretar moratória
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.