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Presidente eleito dá perfil técnico à equipe de transição
EM SÃO PAULO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente eleito, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), decidiu ontem
dar um perfil mais técnico do que
político à equipe de transição que
anuncia hoje após encontro com
o presidente Fernando Henrique
Cardoso. Há a possibilidade de
que o presidente do PT, o deputado federal José Dirceu (SP), não
chefie diretamente o grupo, como
estava planejado até o sábado à
noite. Objetivo: deixar claro que a
equipe de transição não será a base do ministério.
Um nome cotado para coordenar a equipe de transição é de Antônio Palocci, prefeito licenciado
de Ribeirão Preto (SP) e coordenador do programa de governo
de Lula. Um auxiliar de Palocci
talvez pudesse assumir a coordenação. Ontem, especulava-se
também sobre a possibilidade de
Luiz Gushiken, um dos coordenadores da campanha de Lula, chefiar o time. Gushiken é considerado por Lula um bom executivo.
Em reuniões ao longo do dia de
ontem, Lula decidiu abortar a
idéia inicial da coordenação de
sua campanha de fazer uma equipe de transição com uma mistura
de técnicos e de caciques políticos
do PT e de partidos aliados.
Isso tem o objetivo de evitar especulações sobre grandes nomes
que estavam previstos para integrar a equipe de transição e também para abafar disputas políticas por espaço que já começavam
a tomar corpo.
Outro motivo pela opção por
um perfil mais técnico é a avaliação de que, como o poder de fato
estará nas mãos da administração
FHC, nomes de peso que porventura viessem a integrar a equipe
de transição sofreriam apenas o
desgaste da exposição.
Assim, a intenção de Lula é preservar alguns quadros e fazer do
time de transição uma equipe
eminentemente de assessoria. Ele
terá, no total, 51 cargos criados
pelo atual governo.
Congresso
O líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), foi
escolhido FHC interlocutor do
Palácio do Planalto no Congresso
durante a transição. Madeira terá
de conciliar as propostas do atual
governo com as da futura administração para permitir a votação
de projetos em tramitação.
Uma das missões de Madeira
será negociar a votação da emenda constitucional que trata do sistema financeiro (artigo 192 da
Constituição). A proposta em discussão na Câmara permite a regulamentação fatiada do sistema financeiro e retira da Constituição
o detalhamento do setor -estrutura do Banco Central, organização dos bancos privados e taxa de
juros de 12% ao ano, por exemplo.
O detalhamento do sistema financeiro é o ponto de divergência
entre o atual e o futuro governo.
Enquanto o governo FHC defende o texto sem os oito incisos e os
três parágrafos, o PT quer manter
tudo como está na Constituição,
apenas permitindo a regulamentação fatiada -por mais de uma
lei complementar.
A posição do PT foi reafirmada
na semana passada pelo líder do
partido na Câmara, João Paulo
Cunha (SP). "Não vejo sentido em
mexer no 192 e manter a taxa de
juros na Constituição em pleno
século 21", disse Madeira. Ele afirmou que não mudará sua posição, mas que poderá ser derrotado nas negociações.
Antes de tratar do sistema financeiro, entretanto, o tucano terá de acertar com a bancada petista a votação de 35 medidas provisórias cujo prazo de votação está
vencido ou vencerá até meados de
novembro. O Congresso também
tem de votar o Orçamento de
2003 antes da posse de Lula.
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