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FUTURO GOVERNO
Equipe de Lula estuda criação de secretarias para tratar da segurança, das exportações e de questões relativas à mulher
Secretaria da Fome integra pacote de mudanças
EDUARDO SCOLESE
DA, AGÊNCIA FOLHA
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio ontem da criação da
Secretaria Nacional de Emergência Social pelo presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, foi apenas o pontapé inicial para uma série de novidades na conformação
da Esplanada dos Ministérios e na
estrutura do Palácio do Planalto a
partir de janeiro de 2003.
As principais novidades são a
criação de várias secretarias especiais ligadas diretamente à Presidência e de um ministério para
política urbana, batizado provisoriamente de Ministério da Cidade.
Estuda-se ainda a extinção do Ministério da Reforma Agrária, com
suas atribuições retornando ao
Ministério da Agricultura.
Embora não pretenda fazer mudanças administrativas radicais,
ao menos em um primeiro momento, o presidente eleito planeja
imprimir à estrutura do governo
uma marca pessoal. Para tratar de
áreas consideradas prioritárias,
há uma inclinação pela criação de
órgãos específicos.
Estão previstas também uma
secretaria para estimular exportações, uma secretaria nacional para tratar de questões relativas a
mulheres e uma específica para a
segurança pública. Em estudo está um órgão para articular políticas de combate ao racismo.
"A filosofia por trás de secretarias como a de exportações é que
sejam órgãos de coordenação, sob
responsabilidade direta do presidente. Mostra a importância que
tais temas receberão", diz o coordenador-executivo do programa
de governo de Lula, o economista
Antônio Prado.
Apesar de serem secretarias e
não ministérios, seus titulares terão status de integrantes do primeiro escalão.
Tanto que para algumas delas
estão cotados nomes de peso dentro do partido, como o da governadora do Rio, Benedita da Silva
(possivelmente para a Secretaria
de Mulheres), e do antropólogo
Luiz Eduardo Soares, maior especialista do partido em segurança
pública, para a secretaria temática
da área.
Reforma agrária
Na estrutura da Esplanada, planeja-se a criação do Ministério da
Cidade, que centralizaria ações e
recursos nas áreas de habitação,
saneamento e transporte urbano.
Há ainda uma tendência majoritária pela extinção da pasta do
Desenvolvimento Agrário, criada
especificamente para promover a
reforma agrária pelo atual governo, como resposta ao massacre de
Eldorado do Carajás, em 1996,
quando 19 trabalhadores rurais
sem terra morreram durante confronto com a PM paraense.
Na opinião de quadros técnicos
e de intelectuais ligados ao partido, a criação desse ministério, há
seis anos, foi uma forma que o governo Fernando Henrique Cardoso encontrou para calar as reivindicações dos movimentos sociais.
Hoje, quando a discussão sobre
acabar ou não com o ministério
vem à tona por meio de um estudo, as opiniões de especialistas e
entidades tornam-se contraditórias.
"Nosso programa tratou de forma unificada a agricultura e a reforma agrária. Conceitualmente,
faria mais sentido que esses temas
ficassem na mesma pasta", afirma
José Graziano, especialista do partido em economia agrária.
Não há, no entanto, definição
ainda quanto a isso. Tudo vai depender da definição do órgão que
cuidará da promoção de exportações agrícolas, área prioritária no
governo Lula.
Caso a ênfase na exportação fique no Ministério da Agricultura,
Graziano tem dúvidas sobre a
possibilidade de a pasta abraçar
também a questão fundiária. Se a
exportação ficar centralizada na
Secretaria de Estímulo à Exportação, o ministério ficaria "liberado" para tratar também de reforma agrária.
"Tudo começa a ser definido
agora, porque até ontem [anteontem] nós tínhamos uma eleição
para vencer", diz Graziano.
O que está claro, segundo ele, é
que o PT não gastará "energia" no
período de transição com reformas ministeriais muito complexas. "Não vale a pena fazer muita
marola. Há coisas muito mais importantes para receber nossa
atenção neste momento", declara
Graziano.
Em razão disso, algumas das
mudanças administrativas -como a criação do Ministério da Cidade- podem ficar para o início
do ano que vem.
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