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DIPLOMACIA
"Com base no que sei sobre o Lula, creio que eles [brasileiros] ficarão bem", afirma secretário do Tesouro dos EUA
Lula deve mostrar que não é louco, diz O'Neill
DA REDAÇÃO
O secretário do Tesouro dos
EUA, Paul O'Neill, afirmou ontem que o mercado observaria
cautelosamente os primeiros discursos do presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva. Ele disse
acreditar que as palavras de Lula
"devem assegurar a eles [ao mercado] que não é um louco".
O'Neill tentou apresentar uma
visão otimista sobre o futuro governo brasileiro. "Estou feliz que a
incerteza tenha terminado", disse
na câmara de comércio de Greenville, na Carolina do Sul (sudeste
dos Estados Unidos). "Com base
no que sei sobre o Lula, creio que
eles [os brasileiros] ficarão bem.
Acho que seguirão as políticas implementadas por [Fernando Henrique] Cardoso. É importante que
façam isso. Eles são peça-chave
para a América Latina."
Michele Davis, porta-voz do Tesouro americano, disse que "temos todas as razões para acreditar que o novo governo cumprirá
com seu compromisso de manter
as políticas econômicas da administração anterior".
Entre as políticas do atual governo tucano que os EUA gostariam de ver mantidas durante a
gestão Lula estão medidas de responsabilidade fiscal e a manutenção dos termos de um acordo de
empréstimo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) que
prevê a manutenção de um superávit primário de 3,75% do PIB
(Produto Interno Bruto) em 2003.
Em gestos para acalmar o mercado internacional e conter a alta
do dólar durante a campanha
eleitoral, Lula e a sua equipe publicaram uma "carta ao povo brasileiro" em que se comprometem
a honrar os contratos do país.
O então candidato petista também participou -assim como os
outros candidatos- de reunião
com o presidente FHC em Brasília, na qual assumiu o compromisso de respeitar aquilo que o
atual governo acertou com o FMI.
Passado polêmico
O secretário O'Neill, que em
agosto esteve no Brasil, já causou
polêmica ao dizer, no ano passado, que os juros brasileiros são altos por causa da corrupção.
Mais recentemente, disse que a
Argentina e o Brasil precisavam
dar provas de que o dinheiro que
recebem em assistência de órgãos
financeiros como o FMI não acabem em contas na Suíça.
Essas declarações foram motivo
de mal-estar nas relações entre o
governo brasileiro e Washington.
Antes de vir ao Brasil, e durante a
sua visita, O'Neill corrigiu o tom
de seu discurso para evitar uma
crise diplomática, passando a elogiar o desempenho da economia
brasileira.
Além do Tesouro americano,
outros setores importantes do governo dos EUA se manifestaram
ontem sobre a vitória de Lula na
eleição de domingo. O presidente
George W. Bush telefonou a Lula
para congratulá-lo.
Comunicado do Departamento
de Estado americano afirmou:
"Esperamos nos encontrar com a
nova liderança do Brasil na primeira oportunidade possível e
trabalhar com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na criação de
um hemisfério próspero e democrático com base em valores compartilhados e respeito mútuo".
O texto continua: "Os EUA e o
Brasil possuem muitas áreas de
interesse comum e estamos ansiosos para construir uma forte
parceria com o presidente eleito e
a sua administração".
Com agências internacionais
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