São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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Wall Street quer pressa no anúncio dos nomes da equipe econômica

DE WASHINGTON
DE NOVA YORK

Na véspera de o comando petista anunciar sua equipe de transição, Wall Street mandou um recado claro ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva: o mercado tem pressa e, pelo menos em um caso, prefere que os nomes divulgados hoje sejam definitivos.
O último pedido está em relatório divulgado ontem pela agência classificadora de risco Standard & Poor's: "Avaliaremos positivamente se a oportunidade histórica de fortalecer o "período de transição" seja tomada", diz o texto.
"O preenchimento de vagas na atual administração por membros ou conselheiros do novo governo antes do final do ano serviria para diminuir as incertezas enquanto o executivo troca de mãos", escreve a analista de rating soberano Lisa Schineller.
Para a economista, "o presidente eleito enfrenta agora o desafio de sustentar a estabilidade macroeconômica e levar adiante um conjunto de políticas consistentes para que, em última instância, se possa reverter o quadro de crescente pressão sobre a situação fiscal e o serviço da dívida e para que o país possa realizar seu potencial de crescimento".
Em linha parecida vai comunicado reservado escrito pelo banco de investimento Morgan Stanley e enviado ontem a seus investidores. "Nós acreditamos que o governo Lula precisa se comprometer logo com um superávit primário muito maior do que o previsto no orçamento de 2003".
Confirmando o sentimento de urgência dos investidores, os analistas do MS escrevem: "Com as sérias dúvidas que rondam a sustentabilidade da dívida do país, atrasos no comprometimento de uma política fiscal mais severa vão afetar negativamente o sentimento do mercado".
Segundo Paulo Leme, diretor da área de mercados emergentes do banco de investimentos Goldman Sachs, Lula deveria acelerar a transição e divulgar o quanto antes propostas econômicas específicas para satisfazer as expectativas dos investidores.
"Os mercados estão com boa vontade, o momento é bom, mas todos esperam notícias concretas", afirmou ele. Leme disse ter entendido a conveniência do discurso político feito ontem pelo presidente eleito. No entanto, acredita que teria sido ideal anunciar medidas econômicas fortes para satisfazer expectativas e dar um rumo exato à transição.
Segundo ele, o partido precisa urgentemente nomear uma equipe e divulgar um arcabouço com propostas concretas -como a elevação exata do superávit primário que o governo petista está disposto a aceitar: "Falta um plano macroeconômico concreto. Já sabemos que o novo governo está disposto a enfrentar um superávit primário maior, mas não sabemos de quanto. Estão esperando a nomeação de uma equipe para definir um plano. Ao mesmo tempo, estão esperando um plano para definir a equipe. É o problema do ovo e da galinha", disse Leme.
(MARCIO AITH e SÉRGIO DÁVILA)



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