|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Wall Street quer pressa no anúncio dos nomes da equipe econômica
DE WASHINGTON
DE NOVA YORK
Na véspera de o comando petista anunciar sua equipe de transição, Wall Street mandou um recado claro ao presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva: o mercado
tem pressa e, pelo menos em um
caso, prefere que os nomes divulgados hoje sejam definitivos.
O último pedido está em relatório divulgado ontem pela agência
classificadora de risco Standard &
Poor's: "Avaliaremos positivamente se a oportunidade histórica
de fortalecer o "período de transição" seja tomada", diz o texto.
"O preenchimento de vagas na
atual administração por membros ou conselheiros do novo governo antes do final do ano serviria para diminuir as incertezas enquanto o executivo troca de
mãos", escreve a analista de rating
soberano Lisa Schineller.
Para a economista, "o presidente eleito enfrenta agora o desafio
de sustentar a estabilidade macroeconômica e levar adiante um
conjunto de políticas consistentes
para que, em última instância, se
possa reverter o quadro de crescente pressão sobre a situação fiscal e o serviço da dívida e para que
o país possa realizar seu potencial
de crescimento".
Em linha parecida vai comunicado reservado escrito pelo banco
de investimento Morgan Stanley e
enviado ontem a seus investidores. "Nós acreditamos que o governo Lula precisa se comprometer logo com um superávit primário muito maior do que o previsto
no orçamento de 2003".
Confirmando o sentimento de
urgência dos investidores, os analistas do MS escrevem: "Com as
sérias dúvidas que rondam a sustentabilidade da dívida do país,
atrasos no comprometimento de
uma política fiscal mais severa
vão afetar negativamente o sentimento do mercado".
Segundo Paulo Leme, diretor da
área de mercados emergentes do
banco de investimentos Goldman
Sachs, Lula deveria acelerar a
transição e divulgar o quanto antes propostas econômicas específicas para satisfazer as expectativas dos investidores.
"Os mercados estão com boa
vontade, o momento é bom, mas
todos esperam notícias concretas", afirmou ele. Leme disse ter
entendido a conveniência do discurso político feito ontem pelo
presidente eleito. No entanto,
acredita que teria sido ideal anunciar medidas econômicas fortes
para satisfazer expectativas e dar
um rumo exato à transição.
Segundo ele, o partido precisa
urgentemente nomear uma equipe e divulgar um arcabouço com
propostas concretas -como a
elevação exata do superávit primário que o governo petista está
disposto a aceitar: "Falta um plano macroeconômico concreto. Já
sabemos que o novo governo está
disposto a enfrentar um superávit
primário maior, mas não sabemos de quanto. Estão esperando a
nomeação de uma equipe para
definir um plano. Ao mesmo tempo, estão esperando um plano para definir a equipe. É o problema
do ovo e da galinha", disse Leme.
(MARCIO AITH e SÉRGIO DÁVILA)
Texto Anterior: Empresários dizem estar prontos para discutir reformas com petista Próximo Texto: FMI diz estar "ansioso" para falar com Lula Índice
|