|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tucano quer adiar renegociação da dívida
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua primeira entrevista à
imprensa, menos de 24 horas depois de ser reeleito governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB) disse discordar do posicionamento do colega de partido
e novo governador de Minas, Aécio Neves, que quer discutir com
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a renegociação da dívida estadual.
"Lógico que recuperar mais 5%
da corrente líquida [mediante a
renegociação da dívida de São
Paulo] cairia do céu, mas não é o
momento oportuno. Isso causaria
um período de turbulência no
país", disse Alckmin.
Aécio quer a aprovação de um
projeto do senador José Alencar
(PL), vice de Lula, que reduz de
13% para 5% a fatia de pagamento
da dívida do Estado com a União.
A discordância é entre dois dos
principais nomes que estão em
evidência no partido. Aécio foi
eleito no primeiro turno e está cotado para disputar a Presidência
em 2006. Alckmin deixou de ser o
substituto de Mário Covas, morto
em 2001, para assumir um papel
de liderança no PSDB paulista.
Em tom conciliador, Alckmin
pregou uma "nova política" e afirmou que o Estado deverá colaborar com Lula nas questões importantes para o país, como a reforma tributária, e que a oposição ao
PT não será "raivosa".
"A disputa foi legítima, mas acabou. Lula fará um grande esforço
para tranquilizar o país e entrar
num círculo virtuoso de confiança, confiança que se traduza na
queda do dólar, na melhoria da
bolsa e na redução da taxa de juros. Todos precisam colaborar."
Na verdade, o discurso de Alckmin tem direção certa. Ele também quer evitar uma oposição
"raivosa" por parte dos petistas
em São Paulo, que saíram fortalecidos na Assembléia Legislativa
-o PT passou de 13 para 23 deputados. "Não sei como será a
oposição do PT em São Paulo. O
natural é quem ganha governa,
quem perde fiscaliza. Mas essa fiscalização tem de ajudar na governabilidade", disse o governador.
Telefonema de Genoino
Alckmin disse que ainda não
pensou em nomes para compor
seu novo governo, mas adiantou
que deverá manter alguns secretários de sua gestão. "É natural
que alguns continuem e que outros saiam", disse Alckmin.
O governador fez questão de
destacar que seu governo será
pluralista. "Pelo Brasil, faça-se o
máximo, independentemente da
sigla partidária."
Alckmin, que recebeu ontem
pela manhã um telefonema de José Genoino (PT), elogiou seu adversário, mas disse que o povo foi
"sábio" ao buscar um equilíbrio
no poder: elegeu um petista para a
Presidência, mas optou por outros partidos nos maiores Estados, como Rio de Janeiro, São
Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.
No final do encontro com os
jornalistas, o presidente estadual
do PSDB, deputado Edson Aparecido, fez questão de falar ao microfone. "Quero informar que
Alckmin teve cerca de 744 mil votos a mais do que Lula em São
Paulo", disse Aparecido, seguido
por aplausos de militantes que
acompanharam o ato.
Para os tucanos, essa é a prova
de que São Paulo não se curvou à
onda Lula e que o partido renovou sua força eleitoral no Estado.
Depois da coletiva de imprensa
ontem pela manhã, que reuniu
cerca de 50 jornalistas, Alckmin
seguiu para o Palácio dos Bandeirantes, onde foi recebido por
aproximadamente 350 funcionários -segundo cálculo da PM.
Sob o grito de "viva", Alckmin
autografou pequenas bandeiras.
Texto Anterior: GOVERNADORES São Paulo: Alckmin planeja mudar Saúde e Fazenda Próximo Texto: Genoino agradece a Lula e evita falar de seu futuro Índice
|