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NO AR
Do crescimento à ética
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Jô Soares, depois de longa
e acrítica entrevista com José Dirceu, puxou os "parabéns"
para Lula e cantou com o ministro, o sexteto e todo o auditório,
na madrugada.
E a terça-feira que se seguiu
parecia indicar realmente a entrega de muitos "presentes" de
aniversário, para usar uma expressão do comentarista Alexandre Garcia.
Para começar, a produção industrial em São Paulo, segundo
levantamento da Fiesp, cresceu
6% em setembro. "O melhor
mês de setembro em nove anos",
bradou William Bonner no Jornal Nacional.
Foi o terceiro mês seguido de
aumento no nível de atividade
industrial paulista, aumento
que começou no mesmo julho
em que Lula havia deixado escapar, num de seus arroubos populistas, a expressão "espetáculo do crescimento".
Na usualmente queixosa
Fiesp, anunciou-se com certa resistência que foi o maior crescimento em quase um ano e aceitou-se que foi um número "alto", mais até, uma "belíssima
surpresa".
Acrescente-se a isso a nova
queda nos juros bancários, ainda que pequena, e o que se tinha
pela frente era -ou parecia
ser- uma jornada de graça para o governo Lula.
Acrescente-se, como cereja sobre o bolo, uma pesquisa da
Universidade de Miami, realizada com 537 integrantes do
que foi descrito como "elite latina" e divulgada por todos os
meios.
Nela, Lula surgiu como o líder
pan-americano com a melhor
avaliação entre os "latinos" ricos: 69% de aprovação, contra
56% do segundo colocado, o argentino Néstor Kirchner, e 55%
do terceiro, o chileno Ricardo
Lagos. E, mais importante, contra 87% de desaprovação do
norte-americano George W.
Bush.
Um presente atrás do outro,
como se vê. Mas o dia foi longo o
bastante para que o presidente
da Força Sindical, ex-candidato
a vice-presidente da República,
embarcasse com estardalhaço
numa acusação nada confortável para Lula e o PT, a de "espionagem" eleitoral.
Paulo Pereira da Silva, "recém-lançado candidato do PDT
a prefeito de São Paulo", como
destacou a Record, anunciou
que agora "quer distância" do
governo Lula. E até se desculpou
com o tucano José Serra, que foi
seu acusado anterior pela mesma "espionagem".
A vociferante oposição do
PSDB e do PFL no Congresso
reagiu ameaçando com uma
CPI que não deixaria o presidente respirar.
O âncora Boris Casoy, do Jornal da Record, foi mais contido
e sublinhou a "ótima oportunidade" encontrada por Paulinho
para romper com os petistas e
iniciar sua campanha para a
vaga de Marta Suplicy em 2004.
Mas acrescentou:
- Bons tempos em que o PT
clamava por ética na política.
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