São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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INVESTIGAÇÃO

Movimentação, detalhada na ação cível da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, teria sido feita na Suíça

Maluf é acusado de passar US$ 1 mi à filha

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PP) transferiu US$ 1,09 milhão para uma conta bancária na Suíça em nome da filha Lígia Maluf Curi , no período em que foi prefeito de São Paulo (1993-1996),
A movimentação, que embasa a acusação, está detalhada na ação cível aberta na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, complica a situação de Lígia já que, para o Ministério Público, as contas do ex-prefeito foram abastecidas com dinheiro desviado de obras públicas.
O assessor de imprensa de Maluf, Adilson Laranjeira, contestou a credibilidade das informações obtidas pela Folha e disse que o ex-prefeito "não tem nem nunca teve" contas no exterior.
Lígia deverá prestar depoimento à Polícia Federal na próxima semana para esclarecer as transferências bancárias e a origem do dinheiro não declarado no Brasil.
De acordo com as informações enviadas pela Justiça da Suíça e que estão no processo, a empresa White Gold, que pertence ao ex-prefeito, fez cinco transferências entre 1993 e 1996 para a Linea-Li Foundation, aberta por Lígia.
O primeiro depósito registrado é de dezembro de 1993, final do primeiro ano da gestão de Maluf na Prefeitura de São Paulo. Da conta 679230 da White Gold saíram US$ 120 mil para a conta 210642 da Linea-Li.
Em 1995, foram registrados três transferências para a conta da Lígia, no total de US$ 575 mil.
O último depósito, de US$ 400 mil, foi efetuado em dezembro de 1996, dez dias antes de Maluf transmitir o cargo para o ex-afilhado Celso Pitta.
No total, o Ministério Público acredita que a família Maluf movimentou US$ 446 milhões na Suíça por meio de uma conta principal e de 27 subcontas. Nada foi declarado ao Imposto de Renda. Além da Suíça, há registro de contas em nome dos Maluf na França, Inglaterra, EUA, na ilha de Jersey e em Luxemburgo.
Maluf e o filho Flávio (também apontado como titular de contas milionárias no exterior) foram indiciados sob a acusação dos seguintes crimes: lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, formação de quadrilha e peculato (apropriação de bem público por servidor).
Na área cível, Maluf, a mulher, Sylvia, e os quatro filhos, são réus em uma ação em que se pede à família que devolva os US$ 446 milhões movimentados no exterior e ainda pague uma multa equivalente a três vezes esse valor.
Na esfera penal, Maluf foi acusado na Justiça por evasão de divisas. Ele é investigado por suposta lavagem de dinheiro na Suíça.


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