São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa Família está no limite, diz especialista

DA ENVIADA A CAXAMBU (MG)

O Bolsa Família chegou ao teto e não deve aumentar o número de atendidos no ano que vem, mas além de planejar recompor as perdas inflacionárias do benefício -o reajuste ficará entre 8% e 17%-, o governo Lula estuda aumentar a chamada "renda de saída", renda per capita mínima para que as famílias deixem o programa.
Quem diz é Rosani Cunha, secretária nacional de Renda de Cidadania -área do governo que gerencia o Bolsa Família. Ela discutiu os resultados e limites do programa com especialistas na Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais).
Cunha diz que as decisões serão tomadas "pelo próximo governo", mas informa que está pronto o estudo para o reajuste -a Bolsa Família está congelada desde a criação.
Com base na simulação feita pela secretaria com a Pnad 2005, ela acredita que não será preciso ampliar o universo de 11 milhões de famílias atendidas. "Cerca de 50 mil deixam o programa por mês e são substituídas."
Ela defende aumentar "a renda de saída". As famílias beneficiadas são as que têm até R$ 120 de renda per capita. Se ultrapassam essa renda, saem do programa. "Subir a renda de saída estimularia as pessoas a buscar emprego com mais conforto", diz.
Segundo a secretária, os principais desafios do programa são: priorizar as ações complementares (desde alfabetização até concessão de microcrédito) e finalizar o desenho do Bolsa Família, definindo critérios de saída e acompanhamento das famílias mais vulneráveis.
"A relação com os municípios avançou, é preciso o mesmo com os Estados, que ficariam prioritariamente com as ações do desenvolvimento local."
Uma das ações a ser ampliada é a implementação da tarifa social de energia. "O principal gasto das famílias que recebem o benefício é com alimentação. O segundo, é energia."
Segundo a secretária, é preciso tirar "da carroça" do Bolsa Família problemas que não são do programa, como a qualidade de educação ou a precariedade do mercado de trabalho. "Cobra-se do programa se algo vai mal em outras áreas."
(FLÁVIA MARREIRO)


Texto Anterior: Empregados são 69% em programas sociais
Próximo Texto: Elio Gaspari: FFHH é a novidade no PSDB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.