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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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Região possui 95 assentamentos

DO ENVIADO AO PONTAL DO PARANAPANEMA

O Pontal do Paranapanema é a principal região de assentamentos de São Paulo, concentrando 95 dos 153 projetos do Estado. A maioria dos assentamentos é do governo estadual. Eles começaram a ser implantados no início dos anos 80, mas o processo se intensificou a partir de 1995, na gestão Mário Covas (PSDB).
Em seu livro, publicado em 1984 e reeditado há dois meses, Callado tem o cuidado de observar que, tecnicamente, o governo paulista não faz reforma agrária no Pontal. A razão é que as desapropriações não são feitas porque as fazendas não cumprem sua função social. Quem faz isso é o governo federal. O governo de São Paulo recupera terras que a Justiça considera suas -as chamadas terras devolutas- e faz assentamentos nelas.
Desde 1995, o governo paulista desapropriou 93 mil hectares de terra no Pontal, a um custo de R$ 88 milhões, de acordo com o Itesp. Como essas terras foram consideradas devolutas, o dinheiro indeniza os fazendeiros pelas benfeitorias, mas não pela terra desapropriada.
O leite é o principal produto dos assentamentos da região. Representa 59% do valor da produção, segundo o Itesp. Os lotes de Moisés e Jenival não fogem à regra.
Moisés obtém de seu lote uma renda de cerca de R$ 600 por mês mais o que ganha com a venda de seis ou sete bezerros por ano, subproduto da pecuária leiteira. Cada um vale cerca de R$ 250.
O orçamento da família é completado com o salário de Moisés como presidente do sindicato dos trabalhadores rurais da região e com o que sua mulher consegue com a venda de roupas que compra uma vez por mês no Brás e no Bom Retiro, em São Paulo.
Moisés fica feliz ao ver que seu filho Marco Antonio, que nasceu no assentamento e cursa o ensino médio, tem planos de plantar coco no lote. "É bom ver que ele se interessa pelo trabalho aqui."
O lote de Jenival também se baseia no leite, tirado das dez vacas que ele possui. Seis bezerros, quatro novilhos e um touro completam o rebanho. Dois hectares são ocupados com algodão.
Jenival, Moisés e os demais assentados na Gleba XV de Novembro não moram em agrovilas, como ocorre em muitos assentamentos. Nesses, as casas dos agricultores ficam uma ao lado da outra, e cada um se desloca todos os dias até o seu lote para trabalhar.
Na Gleba XV, cada um mora no seu lote. "Assim a gente está sempre de olho na terra", diz Moisés.


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