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Região possui 95 assentamentos
DO ENVIADO AO PONTAL DO PARANAPANEMA
O Pontal do Paranapanema é a
principal região de assentamentos de São Paulo, concentrando 95
dos 153 projetos do Estado. A
maioria dos assentamentos é do
governo estadual. Eles começaram a ser implantados no início
dos anos 80, mas o processo se intensificou a partir de 1995, na gestão Mário Covas (PSDB).
Em seu livro, publicado em 1984
e reeditado há dois meses, Callado
tem o cuidado de observar que,
tecnicamente, o governo paulista
não faz reforma agrária no Pontal.
A razão é que as desapropriações
não são feitas porque as fazendas
não cumprem sua função social.
Quem faz isso é o governo federal.
O governo de São Paulo recupera
terras que a Justiça considera suas
-as chamadas terras devolutas- e faz assentamentos nelas.
Desde 1995, o governo paulista
desapropriou 93 mil hectares de
terra no Pontal, a um custo de R$
88 milhões, de acordo com o
Itesp. Como essas terras foram
consideradas devolutas, o dinheiro indeniza os fazendeiros pelas
benfeitorias, mas não pela terra
desapropriada.
O leite é o principal produto dos
assentamentos da região. Representa 59% do valor da produção,
segundo o Itesp. Os lotes de Moisés e Jenival não fogem à regra.
Moisés obtém de seu lote uma
renda de cerca de R$ 600 por mês
mais o que ganha com a venda de
seis ou sete bezerros por ano, subproduto da pecuária leiteira. Cada
um vale cerca de R$ 250.
O orçamento da família é completado com o salário de Moisés
como presidente do sindicato dos
trabalhadores rurais da região e
com o que sua mulher consegue
com a venda de roupas que compra uma vez por mês no Brás e no
Bom Retiro, em São Paulo.
Moisés fica feliz ao ver que seu
filho Marco Antonio, que nasceu
no assentamento e cursa o ensino
médio, tem planos de plantar coco no lote. "É bom ver que ele se
interessa pelo trabalho aqui."
O lote de Jenival também se baseia no leite, tirado das dez vacas
que ele possui. Seis bezerros, quatro novilhos e um touro completam o rebanho. Dois hectares são
ocupados com algodão.
Jenival, Moisés e os demais assentados na Gleba XV de Novembro não moram em agrovilas, como ocorre em muitos assentamentos. Nesses, as casas dos agricultores ficam uma ao lado da outra, e cada um se desloca todos os
dias até o seu lote para trabalhar.
Na Gleba XV, cada um mora no
seu lote. "Assim a gente está sempre de olho na terra", diz Moisés.
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