São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2004

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TODA MÍDIA

Mais uma madrugada

Do apresentador Zeca Camargo, no Fantástico:
- Quadrilha de traficantes transforma um baile funk do Rio numa noite de terror.
Dia após dia, é o destaque da TV para o Rio. Na Globo News, a locução foi aterrorizante:
- Em represália à morte de um chefe do tráfico, bandidos decretaram o fim do baile. Mandaram interromper a música. Como o baile continuou, abriram fogo. Atiraram a esmo e lançaram granadas. Dezenas acabaram atingidos.
Um dos atingidos, com a voz embargada, no Fantástico:
- Eu pensei que não ia sair vivo. Mais de 20 em cima de mim, eu tentando levantar, rolando nos cacos de vidro. As pessoas correndo, uma atropelando a outra, caindo no chão.
Foi manchete no UOL e em outros. E veio um dia depois de outras manchetes do Rio. Do Jornal da Record, sábado:
- Três mortos em conflitos no morro da Mangueira.
Do Jornal da Band:
- Mais uma madrugada violenta no Rio de Janeiro.

 

E seguem os ataques a turistas, até de excursão. Jovem Pan:
- No Rio, assalto terminou com dois mortos. Quinze homens pararam ônibus de excursão. Entre os feridos, crianças.
No RJTV de anteontem, "mais ataques a turistas" -dois alemães e um mexicano.
 

Não é só na cobertura daqui que o cotidiano violento vai tendo destaque. No caso do baile, já corriam ontem pela web os despachos das agências.
E o "Los Angeles Times" publicou reportagem no final da semana com o título "Rio luta para conter a violência às vésperas da temporada". O texto foi reproduzido por vários jornais americanos, sob títulos como "Rio em alerta para a escalada do crime", no "Boston Globe".

OUTROS LADOS DO RIO
France Press
Foto do mafioso, no "Daily News"


Era inevitável que o Rio terminasse nos tablóides. Mas desta vez o "New York Post" e o "Daily News" deram uma boa notícia, destacando que foi "capturado" no Rio um "mafioso "top" da família Gambino". Nova-iorquino, teria ligações com o filho do "don" John Gotti.
Mais boa notícia. Jornais diversos trouxeram texto da agência AP sobre um centro de artes que "luta pela excelência numa favela violenta do Rio". E a revista "Newsweek" mostra em reportagem, na sua nova edição, que o "quase revolucionário" Retiro dos Artistas, no Rio, "se tornou um símbolo para os direitos dos idosos".
E tem mais. O "Times" de Londres deu reportagem convidando leitores a "mais um dia no paraíso", chamando para o Natal no Rio, "com sol, areia e samba". Nada de violência.

Corcovado
Em meio ao anunciado "terror" na cidade, o presidente do Paquistão, nas palavras da Globo News, Pervez Musharraf, "fez um tour pelo Rio". Foi ao Corcovado, "também viu o Pão de Açúcar", mas suspendeu um "passeio de helicóptero".

Urânio argentino
O editor-geral do argentino "Clarín", Ricardo Kirschbaum, publicou um artigo ontem afirmando que "a notícia [de que o Brasil vai enriquecer urânio] não surpreende".
Mas ele lamentou que o ex-presidente Carlos Menem tenha decidido cortar um projeto semelhante em seu país, "para potencializar relações com os EUA", com "conseqüências muito sérias para o desenvolvimento nuclear argentino".

Bolshoi
Elogiada desde a criação, em 2000, a filial do balé Bolshoi no Brasil virou reportagem de polícia ontem no Fantástico:
- O responsável pela vinda foi o filho do líder comunista Luiz Carlos Prestes. Hoje, João Prestes é alvo de investigação. Ele e a mulher são acusados de enriquecimento ilícito.

Espanha x China
A exemplo do "NYT", o espanhol "El País" publicou ontem editorial saudando o "ambicioso plano de investimentos" da China na América Latina.
E assinalando, como fez o "NYT", que "os objetivos chineses constituem uma solução lógica [para a economia chinesa] e pouco ameaçadora ao resto dos países investidores na região". Caso da Espanha.

A NOVELA DO CONSELHO

Quatro jornais, "The New York Times", "Boston Globe", "Financial Times" e "El País", adiantaram ontem as conclusões da comissão criada pela ONU para rever a composição do Conselho de Segurança -alvo de campanha de Brasil, Índia, Japão e Alemanha. Uma primeira proposta torna membros permanentes os quatro, mais um país árabe e outro africano. Nenhum teria direito a veto, como têm hoje os EUA. A segunda proposta só elevaria o número de membros não-permanentes.
Os jornais apontaram que o debate deverá ser longo, com os quatro postulantes sendo questionados regionalmente. No caso do Brasil, por Argentina e México.


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