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No Judiciário, 3 mil recebem acima do teto
Levantamento inédito divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça mostra que 1.208 desses contracheques são de SP
Além de São Paulo, salários superam R$ 30 mil em Mato Grosso, Minas, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Amapá, Maranhão e no DF
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Poder Judiciário brasileiro
paga a 2.978 pessoas, entre magistrados e servidores, salário
acima do teto estabelecido pela
Constituição, de R$ 22.111 para
os Estados, e 1.208 desses contracheques irregulares são da
Justiça de São Paulo, segundo
levantamento inédito divulgado ontem pelo CNJ (Conselho
Nacional de Justiça).
A farra salarial está concentrada na Justiça dos Estados.
Dos 97 tribunais do país, 20
descumprem as normas, sendo
19 TJs (tribunais de justiça) e
apenas um órgão da União: o
TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região, em Recife.
Além de possuir o maior número de supersalários, a Justiça estadual paulista também
tem o maior contracheque do
Judiciário: R$ 34.814,61.
Os salários superam R$
30.000 no Rio Grande do Sul,
Minas Gerais, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Maranhão,
Distrito Federal e Amapá.
O teto salarial está fixado em
R$ 24.500, valor pago aos 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Há diferença de
5% entre as instâncias. Tramita
na Câmara projeto de lei que
elevará o teto para R$ 25.725 a
partir de janeiro de 2007.
O estudo, apresentado pela
presidente do STF e do CNJ,
Ellen Gracie Northfleet, entretanto, informa indistintamente
a situação salarial de magistrados, servidores, ativos, inativos
e pensionistas. A ministra não
anunciou quantos juízes e desembargadores estão entre os
2.978 contracheques irregulares nem revelou nomes.
Ellen Gracie disse que irá se
reunir hoje com os presidentes
dos tribunais que fazem pagamentos irregulares para cobrar
cortes salariais em dezembro.
A exigência será feita no momento em que a ministra tenta
a aprovação no Congresso de
projeto que elevará a remuneração dos membros do CNJ acima do teto nacional, por meio
da criação de jetom de até 24%.
Será o segundo "ultimato" do
CNJ para que os tribunais se
enquadrem no sistema. Em
março, o conselho deu prazo de
três meses para que fizessem os
descontos e enviassem a folha
de pagamentos. Técnicos do
conselho examinaram o material. O levantamento divulgado
ontem é resultado do trabalho.
Inicialmente, identificaram
4.755 salários acima do teto. No
exame de cada caso, excluíram
situações excepcionais, como o
pagamento de férias naquele
mês examinado.
No TRF da 5ª Região, a irregularidade detectada é que os
desembargadores recebem adicional por tempo de serviço, de
até 35% sobre o salário. Essa
gratificação foi extinta há dois
anos e o STF não a reconhece.
O TRF informou que não paga
esse adicional desde abril.
Os 2.978 salários que deverão
ser cortados representaram
1,5% dos 188.674 contracheques analisados. O valor médio
dessas remunerações é R$
25.603, o que indica parcela excedente de R$ 3.491 em relação
ao subteto salarial dos Estados
e dos tribunais regionais da
União, de R$ 22.111.
A ministra disse que o estudo
desmistificará a idéia de que há
salários muito acima do limite
constitucional.
"A lenda urbana rezava que o
excesso era duas ou três vezes
acima do teto. Foi bom fazermos essa análise para verificar
que não é bem assim."
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