São Paulo, sexta-feira, 29 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OITO ANOS DEPOIS

Churrasco, missa e discurso de candidato ao Senado marcam comemoração collorida pelo fim de pena

Ex-presidente divide conta com amigos

ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

O ex-presidente Fernando Collor de Mello comemora hoje seu retorno à política com missa e festa regada a cerveja, churrasco, pagode e discurso de candidato alagoano ao Senado em 2002.
O organizador oficial é o deputado estadual Antonio Hollanda (PST), mas diretores da Organização Arnon de Mello, da família Collor, participaram da contratação do Stella Maris Grill, responsável pelo churrasco: 1.300 quilos de carne para 2.000 convidados.
A Folha apurou que os amigos mais próximos, incluindo Hollanda, trabalharam para arrecadar entre os correligionários de Collor bebidas e até a quantia de R$ 1.000 em dinheiro por pessoa para ajudar a pagar as despesas.
Nos cálculos do dono do Stella Maris, o churrasco sairá R$ 16 por pessoa. Numa conta rápida, a festa do retorno de Collor à política custaria cerca de R$ 32 mil.
É provável que custe menos devido às doações. Um amigo, por exemplo, conseguiu 5.000 latas de cerveja e refrigerante com a colaboração de cinco correligionários. Se Hollanda as comprasse, gastaria cerca de R$ 3.500.
Os gastos com carne também não ultrapassaram o valor de R$ 24 mil porque três fazendeiros deram um boi cada um.
Collor não pagará aluguel para sua festa. Na tarde de ontem, os gramados da chácara de Hollanda, batizada de "Hollandão", tinham tendas para proteger do sol os convidados, que vão poder se divertir ao som de dois grupos de pagode e uma cantora de MPB -todos artistas locais.
Ao ler o texto que vem sendo preparado há uma semana, Collor mostrará, pela primeira vez, uma estratégia que burilou nos bastidores. Fala em "sepultar" o passado. O foco, agora, é o futuro.
Marqueteiro de si mesmo, decidiu que a melhor opção para a ocasião seria um churrasco: reúne mais gente, é mais barato e rende foto de candidato popular com apoio suficiente para recomeçar.
A organização beira a informalidade. Não há convites e ninguém será barrado. Se a bebida acabar, um depósito próximo da fazenda estará pronto para atender pedidos de emergência.
A agenda de Collor começa com uma missa na Igreja de Virgem dos Pobres. Depois, churrasco.
Collor, que não toma cerveja, disse que levará vodca Absolut, sua bebida preferida, e degustará picanha. Se preferir, poderá comer algo mais sofisticado. Na mesa da diretoria da Organização Arnon de Mello e da família do ex-presidente também serão servidas iguarias como carne de javali, jacaré, capivara e búfalo.
A grande dúvida é quanto ao calibre das personalidades presentes. O ex-presidente não quis falar sobre a lista de convidados. Disse que o "povo" estaria presente "nesse momento de confraternização" e que isso seria suficiente.
A ocasião servirá também para atenuar o sofrimento em família. Há uma semana, Rosane Collor perdeu uma gravidez de quatro meses. "Parece uma sina: um eterno recomeçar", disse Collor.


Texto Anterior: Oito anos depois: Collor volta sem "República das Alagoas"
Próximo Texto: Testemunha: Motorista trabalha como contínuo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.