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Investigadores do caso suspeitam de "gatos"
DO ENVIADO ESPECIAL A UNAÍ
Os aliciadores de mão-de-obra
para a colheita, conhecidos como
"gatos", são apontados por todos
os investigadores como suspeitos
das mortes dos três auditores fiscais do trabalho ocorrida anteontem em Unaí (600 km de Belo Horizonte). Apesar da criação do
Condomínio Rural Rio Preto, um
tipo de cooperativa dos produtores rurais para a contratação de
pessoal, eles continuam agindo.
O sindicato patronal possui o
registro de 1.800 fazendeiros, de
pequenos produtores a latifundiários. Ao percorrer estradas vicinais, a Folha testemunhou
grandes plantações de café, soja,
milho e feijão a cerca de 50 quilômetros do centro da cidade.
A atuação dos "gatos" ocorre
em pequenas propriedades. Segundo um trabalhador da região,
eles são chamados quando há trabalho apenas para um ou dois
dias, para evitar que o fazendeiro
precise "fichar" (fazer o registro
em carteira) os trabalhadores.
Nesses casos, o produtor procura o "gato" e contrata um número
fixo de pessoas pagando por "tarefa", uma área delimitada da
plantação que precisa ser colhida.
Não há relatos sobre trabalho
escravo na região, apesar de alguns casos confirmados de trabalho considerado degradante. Em
especial, os problemas se concentram na alimentação e acomodação (alojamentos e banheiros)
nos quais se constataram péssimas condições.
Nos "condomínios", os produtores estabelecem uma pessoa jurídica por meio da qual contratam pessoal para a colheita em caráter temporário, uma espécie de
terceirização. O Condomínio Rural Rio Preto vem diminuindo o
número de trabalhadores aliciados por "gatos" nas grandes propriedades.
No caso dos pequenos produtores, é necessária a fiscalização.
Unaí é a maior produtora de feijão do Estado, com uma colheita
de cerca de 97 mil toneladas por
ano.
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