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A VÍTIMA
Filho investiga morte dos pais e acha testemunhas
DO ENVIADO ESPECIAL AO SUL DO PARÁ
Filho de sindicalista assassinado por pistoleiros, Edinaldo
Campos Lima, 25, fez justiça
com as próprias mãos sem derramar sangue. Trabalhando um
ano e meio por conta própria,
Edinaldo, ex-funcionário da
companhia elétrica do Pará que
estudou até o primeiro ano do
ensino médio, conseguiu localizar três testemunhas oculares
da chacina, além de convencê-las a participar das sessões de reconhecimento e testemunhar
contra o acusado, que hoje
aguardando julgamento na penitenciária de Marabá (PA).
Edinaldo trabalhou tão bem
que a Polícia Civil lhe ofereceu
um cargo de investigador, não
aceito. Não há mandante formalmente acusado e o segundo
executor continua não identificado. "O caso dos meus pais
ainda não dei por encerrado. Eu
continuo procurando justiça",
diz Edinaldo, hoje morador do
assentamento batizado com o
nome de seu pai, José Pinheiro
de Lima, morto em 9 de julho de
2001 com sua mulher, Cleonice,
e um filho, Samuel, 15.
A investigação de Edinaldo
deslanchou quando, um ano depois da chacina, ele foi à televisão para pedir qualquer tipo de
ajuda. Um dos telefonemas que
ele recebeu indicava o nome de
uma mulher que teria visto a fuga dos pistoleiros. Para encontrá-la, Edinaldo mapeou e visitou todos os moradores de sua
rua e de ruas vizinhas. Usou como ponto de partida o cadastro
da companhia elétrica. Descobriu que a mulher estava morando em uma aldeia indígena
distante 25 km de Marabá, contratada pela Funai (Fundação
Nacional do Índio).
Ao ser encontrada, a testemunha, nervosa, primeiro não queria cooperar. Convencida por
Edinaldo, confirmou depois
que chegou a ser derrubada por
um deles, ficando face a face. O
homem esbarrou na bicicleta
dela, quando fugia do local do
crime. Do chão, a testemunha
encarou o matador, enquanto
seu parceiro teria dito para também eliminá-la. Segundo o relato, contudo, o pistoleiro seguiu
em frente sem dizer nada.
(RV)
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