São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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A VÍTIMA

Filho investiga morte dos pais e acha testemunhas

DO ENVIADO ESPECIAL AO SUL DO PARÁ

Filho de sindicalista assassinado por pistoleiros, Edinaldo Campos Lima, 25, fez justiça com as próprias mãos sem derramar sangue. Trabalhando um ano e meio por conta própria, Edinaldo, ex-funcionário da companhia elétrica do Pará que estudou até o primeiro ano do ensino médio, conseguiu localizar três testemunhas oculares da chacina, além de convencê-las a participar das sessões de reconhecimento e testemunhar contra o acusado, que hoje aguardando julgamento na penitenciária de Marabá (PA).
Edinaldo trabalhou tão bem que a Polícia Civil lhe ofereceu um cargo de investigador, não aceito. Não há mandante formalmente acusado e o segundo executor continua não identificado. "O caso dos meus pais ainda não dei por encerrado. Eu continuo procurando justiça", diz Edinaldo, hoje morador do assentamento batizado com o nome de seu pai, José Pinheiro de Lima, morto em 9 de julho de 2001 com sua mulher, Cleonice, e um filho, Samuel, 15.
A investigação de Edinaldo deslanchou quando, um ano depois da chacina, ele foi à televisão para pedir qualquer tipo de ajuda. Um dos telefonemas que ele recebeu indicava o nome de uma mulher que teria visto a fuga dos pistoleiros. Para encontrá-la, Edinaldo mapeou e visitou todos os moradores de sua rua e de ruas vizinhas. Usou como ponto de partida o cadastro da companhia elétrica. Descobriu que a mulher estava morando em uma aldeia indígena distante 25 km de Marabá, contratada pela Funai (Fundação Nacional do Índio).
Ao ser encontrada, a testemunha, nervosa, primeiro não queria cooperar. Convencida por Edinaldo, confirmou depois que chegou a ser derrubada por um deles, ficando face a face. O homem esbarrou na bicicleta dela, quando fugia do local do crime. Do chão, a testemunha encarou o matador, enquanto seu parceiro teria dito para também eliminá-la. Segundo o relato, contudo, o pistoleiro seguiu em frente sem dizer nada. (RV)


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