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Petrobras vai manter licitação que vazou
Estatal admite antecipação das três primeiras colocadas em disputa por conta publicitária, mas diz que concorrência é válida
15 das 18 agências que disputam conta registraram ata em protesto contra a publicação prévia do resultado e vão recorrer
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras reconheceu ontem, oficialmente, que houve
vazamento das três primeiras
colocadas -e potenciais vencedoras- na disputa pela conta
publicitária da estatal, de
R$ 250 milhões anuais.
Em nota divulgada no início
da noite de ontem, a Petrobras
admite que um site especializado antecipou o nome das três
agências -Heads, Dentsu e
Quê- no final da manhã de anteontem e que o anúncio oficial
estava programado para a tarde
do mesmo dia.
A estatal alega, porém, que a
divulgação "não altera nem invalida o processo licitatório",
sob o argumento de que a análise das propostas técnicas aconteceu três dias antes do vazamento. A nota não esclarece como o nome das agências foi divulgado, já que as propostas
técnicas eram apócrifas e identificadas por números.
"A análise técnica das propostas foi concluída no dia
25/ 1. Os convites para as agências foram emitidos no dia 26/1
para o anúncio das notas na tarde do dia 28/1. Um site especializado publicou no final da manhã do dia 28/1 as três agências
mais bem colocadas. A Petrobras ressalta que esta divulgação foi posterior à conclusão da
análise técnica, o que não altera
nem invalida o processo licitatório", justifica a nota.
O processo de escolha foi alvo de protesto já na tarde de anteontem: 15 das 18 agências
concorrentes registraram em
ata que o resultado foi publicado por um site especializado às
11h51m, duas horas antes do
horário previsto para o anúncio. "Esse fato indica que houve
identificação das licitantes anteriormente à realização do
presente ato, em desacordo
com as regras do edital e o modelo apócrifo nele previsto", registrou-se em ata.
"Outro ponto de muita importância é que a abertura do
envelope contendo as propostas técnicas não se deu em sessão pública, não tendo sido dada oportunidade para que os
representantes das licitantes
conhecessem e rubricassem o
conteúdo de cada proposta
apócrifa anteriormente ao seu
julgamento", acrescenta.
Ontem agências derrotadas
acionaram seus departamentos
jurídicos e ameaçaram recorrer
administrativa e judicialmente.
Uma das hipóteses é acionar o
TCU (Tribunal de Contas da
União), como foi feito em um
caso parecido envolvendo o Ministério da Previdência.
As propostas técnicas foram
elaboradas segundo o mesmo
padrão tipográfico e entregues
num saco fornecido pela Petrobras. Pelo modelo, o número do
lacre, sob a guarda do representante da agência, seria a única
forma de atestar sua autoria.
A própria Petrobras afirma,
na nota, "que o número do lacre
era de conhecimento exclusivo
de cada agência".
A Petrobras diz que "o certame prossegue com a análise da
capacidade de atendimento e
dos cases apresentados pelas
agências participantes da licitação (valendo 30 pontos)".
A análise de propostas vale
70 pontos num total de 100. E,
segundo os demais participantes, as notas obtidas pelas três
primeiras é tão alta que dificilmente o resultado mudará.
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